Os Xutos e Pontapés actuam no Rock in Rio a 30 de Maio. Quem lá for, talvez assista a rock português...despido.

Abriram para os Rolling Stones em Coimbra e vão tocar agora no Rock in Rio. São momentos importantes para a projecção internacional da banda ou vocês não abordam a questão por aí?

Zé Pedro – Nós não pensamos muito em termos internacionais. Pensa-se no gozo que dá em fazer esse tipo de espectáculos, tanto um como o outro. Temos contacto com palcos grandes, com artistas de dimensão mundial e, para nós, isso é sempre uma maneira de aprendermos e de vermos como as coisas funcionam noutros parâmetros. É mais o gozo pessoal do que propriamente pensarmos nisso a nível de carreira ou estarmos a pensar em lançamentos.
Os Xutos já há muito tempo que têm, felizmente, muito trabalho em Portugal. A carreira internacional iria ocupar tanto tempo e não vale a pena. É claro que se formos convidados para ir tocar a um festival aqui e ali, somos os primeiros a dizer que sim e lá estaremos a cumprir a nossa função. Por exemplo, estamos sempre disponíveis para tocar, se houver tempo, quando somos convidados pelas comunidades portuguesas.
Não pensamos seriamente em mudar a nossa vida em Portugal e trocá-la por uma internacional.

Tim – Mas deixa-me dizer uma coisa. Nós fazemos isso. Vamos sempre com a consciência que estamos a tocar a nossa música, que é portuguesa e cantada na nossa língua, porque isto não é assim tão universal. Não vamos trocar a nossa música e a nossa língua só porque vamos tocar com não sei quem.
O que é acham do facto de um evento com esta dimensão ter lugar em Portugal?

Zé Pedro – O Rock in Rio?

Tim – Quê, a Queima das Fitas? [sorrisos]

ze_pedro2.jpgZé Pedro – A Queima do Porto é mais importante para Portugal [sorrisos].
Eu acho que o Rock in Rio é sempre bom. É um espectáculo de dimensão internacional e oxalá não seja o único evento ligado a esse nome que se realiza em Portugal. Fala-se por aí que o próximo Rock in Rio vai ser em várias cidades do mundo e que Portugal seja incluído.
À semelhança do Euro 2004, é sempre óptimo para captar atenção para um país como o nosso. Nesse aspecto, é proveitoso. E dá também para aprendermos por cá como funcionam as infra-estruturas de um espectáculo como este. Não só na parte musical, mas também na parte logística. Há sempre coisas a aprender. Pelo menos nós, Xutos e Pontapés, estamos sempre dispostos a aprender e espero que o mesmo se verifique com as outras pessoas do meio musical.
Há alguma surpresa preparada para o concerto no Rock in Rio?

Zé Pedro – Vamo-nos despir em palco. [sorrisos]

Tim – Eu não me vou despir.

Zé Pedro – Pronto, excepto o Tim. O resto da banda sim. [sorrisos] Não, não temos. Acho que vamos fazer o nosso espectáculo normal…

Tim – Havia uma coisa que eu gostava de ver. Quando houver lá uma parte, eu queria ver estes portistas todos aos saltos. Gostava de ver o Porto todos aos saltos. Mas isso é truque meu.

Zé Pedro – Haverá um truque do Tim no meio do espectáculo. É surpresa e ele nem à banda revelou. [sorrisos]

Germano Oliveira