Táxis amarelos com uma barra azul. Até neste pequeno pormenor o Governo Regional procurava cimentar uma identidade madeirense.
A opção cromática para os táxis não foi pacífica, uma vez que ninguém se esquecera, ainda, que as cores da Região, também eram as do movimento separatista FLAMA. No continente, a mudança de cor dos táxis também não passou sem recados e para muitos foi vista como uma provocação.

No entanto, a maior afronta a Lisboa ainda estava para vir, antes do final de 1982. Desde os anos 70 que a ligação entre a Madeira e o Porto Santo era garantida pelo Pirata Azul, mas já se falava na compra de uma nova embarcação, mais rápida e que permitisse maior número de viagens. A primeira opção foi um pequeno catamarã, rápido, que tinha como missão fazer esquecer o Pirata.
Nada colocaria esta nova embarcação no centro da cena política portuguesa, não fosse o nome com o qual a baptizaram: Independência. Um nome sugestivo, completado pelas cores da bandeira da Região, pintadas ao longo do casco.

A bandeira regional também causou polémica. A 1 de Novembro de 1978 foi hasteada, pela primeira vez, na sede do Governo Regional. Nada mais natural, não fosse o novo símbolo da autonomia quase uma cópia da bandeira da Frente de Libertação da Madeira – FLAMA. A organização separatista, responsável pelos atentados bombistas e que teria em 1978 o seu primeiro morto, tinha um símbolo que, no lugar da actual Cruz de Cristo, ostentava as cinco quinas portuguesas. A escolha desta bandeira foi uma das maiores polémicas do final de 1978 e obrigou Alberto João Jardim a enfrentar as críticas de toda a oposição regional e praticamente de toda a classe política portuguesa.

Realizado em Janeiro/2004

Milene Câmara