O modelo de desenvolvimento do PSD/Madeira assente em obras públicas, betão e asfalto está esgotado. Necessita-se alternância política para se consolidar os princípios democráticos.

Estas são as principais críticas feitas pela oposição madeirense ao Governo.
Os vários líderes dos partidos regionais acusam, de forma mais ou menos explícita, a existência de um problema de democracia na Região Autónoma da Madeira.

Jacinto Serrão, líder do PS, fala num “sistema de poder tentacular e autocrático”, e diz que a população tem “medo” da participação cívica na sociedade. A influência económica do Governo Regional é muito grande, representando cerca de 95% do investimento realizado anualmente. Para o socialista, existem “pressões directas e indirectas” sobre as pessoas, sem, no entanto, referir a origem dessas pressões.

José Manuel Rodrigues, dirigente máximo do CDS/PP na região, afirma que a falta de alternância política na Madeira deriva do sistema económico criado ao longo dos últimos 27 anos. O líder popular denuncia existir subsidiodependência, dirigida e planificada pelo Executivo, onde grande parte da economia, mesmo a privada, depende de subsídios e de apoios do Governo. Para José Rodrigues, esta situação “cria um sistema em que as pessoas estão condicionadas na sua acção enquanto cidadãos e na sua própria iniciativa individual”.

O líder do PCP/Madeira vai mais longe. Edgar Silva fala claramente em défice democrático e até em censura subliminar. Este dirigente político acusa o sistema governamental de autoritarismo, em parte devido à ocupação de todos os degraus do poder na Madeira, desde as juntas de freguesia, passando pelas câmara municipais , pelo Parlamento e pelo Governo. Afirma ainda que “o domínio dos patamares do poder que existem na sociedade, desde a mais pequena associação cultural e recreativa até à mais importante, cria um sistema que obviamente não só condiciona a liberdade de expressão das pessoas como a própria liberdade de pensamento”.
Guida Vieira, da UDP/BE, realça o “método de favorecimento e amiguismo” criado ao longo de 25 anos de governação e que não é salutar para o desenvolvimento económico e social. O facto de determinadas figuras de destaque do PSD também controlarem a economia e as principais associações é, segundo a bloquista, “ética e moralmente condenável”, contribuindo para a criação de grupos económicos que vivem debaixo do “guarda-chuva” do poder.

Realizado em Janeiro/2004

Milene Câmara