Teatro luso-brasileiro marca o Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica 2004. Festival recupera a qualidade e expressão de outros anos.

O FITEI decorre de 28 de Maio a 10 de Junho no Teatro Nacional de São João, no Teatro Carlos Alberto e no Teatro Rivoli. “O festival este ano aproxima-se daquilo que tem sido a sua normalidade”. Quem o diz é António Reis, director do FITEI. 16 companhias levam a cena 15 espectáculos. 13 companhias nunca estiveram no FITEI. O festival apresenta cinco espectáculos em estreia absoluta.

Sete companhias brasileiras

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O novo teatro brasileiro é a presença forte do festival. É produção brasileira que, de resto, abre o festival. A Suntil Companhia de Teatro traz “A vida é cheia de som & fúria”, de Felipe Hirsch, espectáculo de culto do lado de lá do Atlântico e vencedor de vários prémios. Do Brasil chegam também “No Retrovisor”, “Hysteria”, “Ora Bolas” “To Limpeza”, “Clara Crocodilo Uma suite a 4 mãos” e “A Casa dos Budas ditosos”. Este último, um monólogo interpretado por Fernanda Torres, é um espectáculo que criou alguma expectativa por cá. Amanhã estreia em Lisboa.

Esta edição do FITEI só foi possivel com o apoio do Teatro Nacional de S. João, que através da reposição da iniciativa “Portogofonia” inclui no festival o que de melhor se tem feito no Brasil nos últimos anos. O apoio do TNSJ foi essencial para a qualidade do certame, que, este ano, conta com um orçamento de 280 mil euros.

António Reis explicou hoje aos jornalistas, durante a apresentação do cartaz do festival no café do Majestic, que “não houve um critério” especial na escolha do teatro brasileiro, “houve sim, um aproveitamento de uma conjuntura favorável”. A co-produção com o TNSJ acontece porque valoriza o festival.

Fernanda Montenegro é uma presença muito aguardada

Fernanda Montenegro é o regresso aguardado e diferente. Montenegro esteve no FITEI em 1992 com o espectáculo “Dona Doida”. Este ano escreveu a mensagem que vai abrir o evento. Se vai ou não estar presente no pontapé de saída e ler a mensagem é uma incógnita. “Estamos a fazer tudo para a poder ter cá dia 28”, diz António Reis. A presença da actriz terá um significado especial pela forte presença brasileira nesta edição.

Certa é a participação da actriz num debate, dia 7 de Junho, dirigido a todos os profissionais do teatro e à comunicação social, mas fechado ao público em geral. Não está subordinado a um tema especifico. “Seria redutor sugerir um só tema para a Fernanda Montenegro debater”, explica António Reis. Para o director do FITEI, a actriz brasileira é “a mais importante mulher em todo o teatro falado em português”.

Mais em português, com ou sem sotaque

As companhias portuguesas presentes nesta edição são os Artistas Unidos, a Comuna – Teatro de Pesquisa, Actores Produtores Associados, Druming/ TNSJ (luso-brasileira). O produtor Marcantonio Del Carmo também traz um espectáculo com texto de um dos heterónimos de Fernando Pessoa, Álvaro Campos: “A passagem das horas”.

Outra surpresa é a representação de um texto do escritor Mia Couto, ” Varanda do Fragipani”, pelo Grupo de Teatro Mugachi. “Sinto-me gratificado por ter mais um grupo moçambicano mas a luta continua a ser trazer outras companhias, nomeadamente da Guiné-Bissau e de Cabo Verde”, diz o director do FITEI.

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O único espectáculo que não é falado em português, este ano, é “Edipo Rey”, o texto de Sófocles, produzido pelo Teatro Corsário, de Valladolid. O grupo espanhol é das poucas companhias, presentes este ano no FITEI, que já participaram noutras edições do festival. António Reis confessa que gostaria de “trazer ao FITEI o teatro da América Latina mas é cada vez mais dificil”, principalmente, por razões financeiras.

Durante 14 dias, o Porto é capital do teatro luso-brasileiro e de expressão ibérica. Os bilhetes estão à venda nas salas de espectáculos. O cartão que dá entrada em todos os espectáculos do festival custa 50 euros e é vendido nos serviços do FITEI.