Falta pouco menos de um mês para o início do maior evento desportivo em Portugal. O facto de o Porto receber jogos durante o Euro, nos estádios do FCP e o do Boavista, e de estar perto dos estádios de Guimarães, Braga e Aveiro, faz da cidade um lugar muito requisitado pelos turistas.

Francisco Lopes, director-geral do Hotel Vila Galé Porto fala ao JornalismoPortoNet em lotação esgotada dos 292 quartos do hotel: “Estamos com uma taxa de ocupação na primeira metade do campeonato, de 10 a 20 de Junho, de 100% e na segunda metade, de 20 a 1 de Julho, de 96%”.

Valores semelhantes apresenta o Ipanema Park Hotel. Isabel Andrade, relações públicas, afirma que a lotação é total: “Com excepção de um ou dois dias em que não há jogos, mas penso que até lá vamos encher completamente”.

O Hotel Sheraton, o mais novo da cidade, tem já há alguns meses uma ocupação de cerca de 100%. Catarina Costa, relações públicas do hotel afirma que as repercussões do evento estão a corresponder às expectativas: “As reservas têm sido tantas que temos uma lista de espera bastante grande”.

Devido à imensa procura, os hotéis decidiram aumentar as tarifas durante o Campeonato Europeu de Futebol.
João Freitas, assistente de direcção do Hotel Mercure, afirma que os preços foram inflacionados 50%. “Vimos que havia mercado para fazer esse aumento de preços e achámos um valor que pareceu adequado ao hotel que temos”.

O Vila Galé também adaptou as tarifas a serem aplicadas durante o Euro. “Temos um produto que é adequado ao preço que vendemos. Passamos de 120 € para 180 €; não é nenhum exagero”, considera Francisco Lopes.
Mas nem este aumento parece ter dissuadido os clientes, pois a maioria dos hotéis tem pedidos em lista de espera.

Os clientes dos hotéis de luxo no Euro

quarto.jpg

Cerca de 80 a 90% dos ocupantes dos hotéis de cinco estrelas, no período do campeonato, são estrangeiros. Durante o ano o “target” destes hotéis é essencialmente constituído por homens de negócios, mas no Euro isso vai-se alterar. “O target vai ser igual para todos, são pessoas que vêm para ver futebol, para se divertir e não para trabalhar”, explica Isabel Andrade, do Ipanema Park Hotel.

Por isso mesmo as unidades hoteleiras estão-se a preparar para receber da melhor forma os clientes: adeptos de futebol fanáticos e exigentes.
Nesse âmbito estão a ser organizadas uma série de acções para esse período, que passam pela projecção dos jogos em ecrãs gigantes, música ao vivo nos bares e restaurantes e confecções temáticas de pratos tradicionais portugueses.
Alguns hotéis vão mesmo mais longe, como é o caso do Hotel Mercure, que vai adoptar uma decoração alusiva ao Euro com bonecos da selecção, para assim disponibilizar um lugar onde os clientes possam tirar fotografias. Vão também conceder um cantinho do Euro, onde as pessoas podem consultar os resultados dos jogos e obter informações sobre as equipas e sobre o evento em geral.

Euro 2004: Uma oportunidade de ouro para a indústria hoteleira

pt1607-7.jpg

A realização deste evento em Portugal é vista como muito positiva pela indústria hoteleira. São todos unânimes em concordar que os últimos tempos têm sido bastante complicados e muitos falam até em crise.
João Freitas, do Hotel Mercure, explica que nos últimos três anos o mercado da cidade do Porto tem vindo a diminuir, embora agora seja disfarçado com o Euro: “Só espero que depois do campeonato não se vá para o patamar onde estamos, pois não tem nada de animador”.

Além da crise económica mundial, também a instabilidade que se vive actualmente é muito prejudicial ao sector. “O turismo é muito sensível a guerras, atentados e tudo isso vai ter grande influência na taxa de ocupação do hotel”, afirma Francisco Lopes, do Vila Galé.

No entanto, e depois de um período menos favorável, a indústria hoteleira vê no Euro uma boa oportunidade para dinamizar o sector.
Isabel Andrade, do Ipanema Park Hotel, afirma que durante o Euro não se vai sentir a crise económica. “Nesse período não há crise económica aqui, de certeza!”.

O ânimo é geral e o grande desafio que todos se propõem é o do país e as pessoas que lidam directamente com os turistas conseguirem fazer com que este evento tenha uma grande repercussão e impacto para surtir efeitos positivos no futuro.
“Se tudo correr bem, esta será uma boa forma de as pessoas voltarem outra vez ao Porto e ao nosso hotel”, diz Catarina Costa, do Hotel Sheraton.

São poucos aqueles que podem dizer que não ganharam com o Euro 2004. A grande dúvida é o que vai acontecer ao sector da hotelaria depois do Campeonato Europeu de Futebol.

Ver reportagem vídeo

Carla Sousa