Em Setembro de 2002 foi criada a ADEXO, a Associação de Doentes Obesos e Ex-obesos de Portugal. Dois anos depois, a Associação presidida pelo padre Mário Faria, toma a iniciativa de estabelecer este dia de Maio como o dia nacional de luta contra a obesidade.

No Parque das Nações em Lisboa, a data é assinalada entre as 9h e as 18h, com uma campanha “de prevenção e apoio aos obesos de Portugal”. Mário Faria, em declarações ao JPN, explica que a ADEXO já conseguiu alcançar alguns dos seus objectivos junto das autoridades, mas alguns problemas persistem.

A ADEXO surgiu por iniciativa de um “grupo de obesos e ex-obesos, mais ligados a casos de obesidade mórbida (o nível de obesidade mais elevado)” com o propósito de “lutar pelos seus direitos”, diz-nos Mário Faria. A obesidade já é considerada uma doença crónica e o tratamento é tido como prioritário, pelo menos teoricamente. “O Serviço Nacional de Saúde já assume as consequências da doença” mas não tem em conta “a origem da própria doença” afirma o padre Mário.

“A diabetes, a hipertensão ou a apneia do sono, por exemplo”, têm comparticipação do Estado, mas se um obeso optar por fazer uma intervenção cirúrgica a questão complica-se. O presidente da ADEXO conta que se submeteu “há quatro anos” a uma gastrobandoplastia (colocação de banda gástrica no estômago do doente) e que teve de pagar a cirurgia do seu bolso. Na actualidade, afirma Mário Faria, o custo da cirurgia deve rondar os 2500 contos.

Este tipo de intervenção já é assumida totalmente pelo Estado, “o problema são as listas de espera”, afirma Mário Faria. Ainda assim, o presidente da Associação diz-se satisfeito já que conseguiram que esta “cirurgia da obesidade passasse para o PECLEC” (o programa especial de combate às listas de espera do ministério da Saúde). Aliás, sublinha, a ADEXO “foi muito bem recebida pelo ministro da Saúde”.

Combater e prevenir

A obesidade é um problema que, segundo o padre Mário Faria, “afecta a população no seu todo”, por isso “não há um perfil do obeso em Portugal”. O que há é má cultura alimentar “que começa por afectar as próprias crianças” e “um sedentarismo exagerado” para os quais a ADEXO quer sensibilizar a população.

O dia que hoje se comemora tem justamente esse objectivo: sensibilizar as pessoas e as autoridades “para um problema que está aí e que não somos só nós que o sentimos”. O presidente da ADEXO garante ainda que tem sido feita muita divulgação e que têm “muita gente” a apoia-los, por isso está convencido “que vai estar bastante gente” e que vai ser “um dia em cheio”. “Dar visibilidade e fazer com que a Associação se sinta apoiada a partir da sua base” são outros dos motivos que estão na base da iniciativa do dia.

A Associação propõe-se ainda a alcançar outras metas: “A luta contínua sobretudo pela comparticipação dos medicamentos”, que incluem complexos vitamínicos essenciais no pós-operatório da gastrobandoplastia. Também a “obstipação” é um problema recorrente dos ex-obesos e também neste caso não existe comparticipação do Estado.

Outro “cavalo de batalha” da ADEXO é o problema dos seguros, já que as companhias de seguro prevêm um agravamento dos prémios para obesos. No site da Associação pode ler-se que “ao fazer um empréstimo para a aquisição duma casa” o obeso tem de “fazer um seguro obrigatório pelo qual, e pelo facto das companhias de seguro considerarem a obesidade como uma doença grave, o prémio é agravado em 100 ou 200%”.

A ADEXO reivindica também a criação de Centros Nacionais de Referência. Ou seja, a criação de locais “por todo o país” onde pudesse ser tratada a obesidade e as suas consequências. Providenciar acompanhamento psicológico e nutricional seriam alguns dos serviços ao dispor do doente.

Mário Faria sublinha ainda que a ADEXO está aberta a toda a população, profissionais da saúde incluídos, mas é “uma associação de obesos e ex-obesos” onde mora “a perspectiva do doente”. A ADEXO visa a partilha da “experiência vivencial” em nome da resolução do problema da obesidade.

Liliana Filipa Silva
Pedro Rios