O primeiro livro, «Mundo Fechado», saiu em 1948. Mas é com «A Sibila» que Agustina se consagra definitivamente. Aos 81 anos recebe o Prémio Camões.

Nascida em Outubro de 1922, Agustina Bessa-Luís completa 50 anos de vida literária em 1998, precisamente um ano depois de lançar o seu quinquagésimo livro. A obra da escritora estende-se por romances, ensaios, biografias, contos, crónicas, guiões dramáticos e literatura infantil e de viagens. Algumas obras estão traduzidas em francês, italiano e alemão.

Depois de «Mundo Fechado», a escritora dá à estampa «Os Super Homens» (1950) e «Contos Impopulares» (1951-53). Em 1954, Agustina lança «A Sibila», o romance que a consagra definitivamente como escritora. No centro da narrativa temos uma personagem feminina que tenta superar a sua condição de mulher, uma história que valeu a Agustina os Prémios Delfim Guimarães e Eça de Queirós.

Ao romance «A Sibila» seguem-se «Os Incuráveis» (1956), «A Muralha» (1957), «Ternos Guerreiros» (1960), «O Manto» (1961), «O Sermão do Fogo» (1963), «A Dança das Espadas» (1965), «Canção Diante de uma Porta Fechada» (1966), «As Pessoas Felizes» (1975), «Crónica do Cruzado Osb» (1976), «As Fúrias» (1977), «O Mosteiro» (1980), «Vale Abraão» (1991), «O Concerto dos Flamengos» (1994), «Um Cão que Sonha» (1997) e «O Princípio da Incerteza: Jóia de Família» (2002).

Maria Agustina Ferreira Teixeira Bessa-Luís nasceu em Vila Meã, em Amarante. A partir de 1950 passa a viver no Porto, depois de ter estudado na Póvoa de Varzim e de ter vivido em Coimbra. A escritora surge no panorama literário português numa altura em que a oposição entre o neo-realismo e o modernismo do movimento da «Presença» atinge o auge. Além da actividade literária, a escritora envolveu-se em diversos projectos: dirigiu o jornal «O Primeiro de Janeiro» em 1986-87 e esteve à frente do Teatro Nacional D. Maria II entre 1990 e 1993. De registar ainda uma passagem pela Alta Autoridade para a Comunicação Social.

Prémios que chegaram antes do “Camões 2004”

Agustina Bessa Luís granjeou, entre outros, o Prémio Ricardo Malheiros em 1966, com «Canção Diante de Uma Porta Fechada», e em 1977 com «As Fúrias». Duas outras publicações valeram-lhe o Grande Prémio da Associação Portuguesa de Escritores: «Os Meninos de Ouro» (1984) e «O Princípio da Incerteza – Jóia de Família» (2002).

Em 1967 recebe o Prémio Nacional de Novelística com «Homens e Mulheres». O Prémio Dom Dinis chega em 1980, a propósito de «O Mosteiro», obra que ganhou no mesmo ano o PEN Clube de Ficção. Com «Prazer e Glória» conquista o Prémio RDP Antena 1 em 1988. «Ordens Menores» permite-lhe alcançar o galardão da Crítica do Centro Português da Associação Internacional de Críticos Literários em 1993. Agustina recebe ainda o Prémio União Latina em 1997 com «Um Cão que Sonha».

Agustina Bessa-Luís é ainda distinguida pelo conjunto da sua obra em duas ocasiões: em 1975, com o Prémio “Adelaide Ristori”, do Centro Cultural Italiano de Roma, e em 1982, com o Prémio da Cidade do Porto.

Do papel para o grande ecrã

Agustina Bessa-Luís é ainda autora de peças de teatro e guiões para televisão. Alguns dos seus romances foram adaptados para teatro ou cinema. É o caso do romance «As Fúrias», que em 1995 foi encenado por Filipe La Féria. Quanto ao cinema, o realizador Manoel de Oliveira adaptou várias obras da escritora para a grande tela: «Fanny Owen» foi adaptado em 1981 para «Francisca». Segue-se-lhe «Vale Abraão» em 1993, «As Terras do Risco» em 1995 (que foi adaptado para «O Convento») e «O Princípio da Incerteza» em 2002. Recorde-se ainda que os diálogos da película «Party» foram escritos por Agustina, assim como o conto «A Mãe de Um Rio», que integra a película «Inquietude», de 1998.

Ana Correia Costa