Ontem, o preço do barril de crude voltou a atingir um novo máximo histórico no New Mercantille Exchange (Nymex), chegando aos 42,45 dólares – o valor mais alto dos últimos 14 anos. É a reacção dos mercados à campanha de violência levada a cabo por radicais islâmicos na Arábia Saudita com os atentados de sábado, que foram, aliás, reivindicados pela organização terrorista Al Qaeda.

Esta nova escalada de preços supera a subida do barril de crude verificada em Maio, e é a maior de sempre desde que Saddam Hussein invadiu o Kuwait, em 1990. No mês passado, o preço do petróleo ultrapassou a fasquia dos 40 dólares, mas ficou-se pela cotação de 41,17 dólares na Bolsa de Nova Iorque. Ontem, o barril de crude alcançou novo valor recorde: 42,45 dólares. Um valor que não só ultrapassa os preços atingidos por altura da invasão do Kuwait, como também bate os recordes desde as primeiras negociações em Nova Iorque há 21 anos, depois dos choques petrolíferos de 1973 e 1979.

Atentado de sábado desestabilizou ainda mais o mercado

A instabilidade dos últimos dias na Arábia Saudita, criada pelos ataques terroristas de sábado, está a fazer disparar os preços do crude numa altura em que os países produtores de petróleo tentam rever a política de produção. Na sexta-feira, o preço do petróleo atingiu os 36,60 dólares, valor que foi largamente ultrapassado depois dos atentados de sábado, que provocaram 22 mortos.

Três ataques em simultâneo na Árabia Saudita atingiram sábado instalações de empresas de petróleo e residências de trabalhadores estrangeiros dessas empresas.

Emirados Árabes vão aumentar produção de petróleo

Mais 400 mil barris por dia durante o mês de Junho é o aumento anunciado hoje pelo ministro do petróleo dos Emirados Árabes Unidos (EAU) para fazer face à escalada dos preços dos combustíveis. “O estado dos Emirados vai aumentar a produção em 400 mil barris suplementares à sua quota de produção em Junho, a fim de responder às encomendas dos clientes e contribuir para conter os custos no mercado internacional e estabilizar a economia mundial”, disse Obeid bem Saif Al-Nassiri. Os EAU, juntamente com a Arábia Saudita, são o país que detém as maiores jazidas de petróleo.

Amanhã vai ter lugar uma reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) em Beirute, no Líbano, onde deverá ser acordado um aumento da produção de crude em 2,5 milhões de barris por dia, em lugar dos actuais 23,5 milhões. No entanto, os últimos ataques terroristas na Arábia Saudita vieram desviar as atenções deste assunto, e amanhã teme-se a ocorrência de um atentado antes do final das negociações.

Ana Correia Costa