“Em algumas áreas, cursos de três anos são uma ilusão”, diz Milan Rados. As reivindicações dos professores que pedem cursos com quatro ou mais anos, podem ser consideradas uma defesa corporativa, que é legítima aos olhos do especialista. Mas a opinião do doutorado em ciência política e relações internacionais é a de que a preparação dos alunos portugueses quando saem do 12º ano é inferior à dos alunos belgas, italianos ou alemães. A insistência em adoptar as mesmas medidas educativas desses países pode resultar em problemas graves.

“A juventude deve estudar aquilo que a economia da Europa necessita que é alta educação, pura e simplesmente, no mercado da União Europeia não há trabalho para a 4º classe. 75% dos Portugueses têm a 4º classe. Não há trabalho para essa gente. Acabou”, explica Milan Rados. O professor avança com o exemplo de um cabeleireiro: “o português trabalhou com o tio” mas o alemão “tem que ter no mínimo o 11º ano”. Se o português quiser ir trabalhar para a Alemanha, “não pode ter o mesmo salário, porque não tem a mesma qualificação”.
Desta forma, a equiparação do ensino europeu faz sentido, põe todos em pé de igualdade, o que é uma vantagem. Mas a igualdade é aparente, porque os alunos desses países saem muito melhor preparados do secundário, confessa o professor.

Tatiana Palhares