João Almeida (JP), Jorge Nuno Sá (JSD) e Pedro Nuno Santos (JS) são os nomes da liderança das juventudes partidárias.

A “fúria azul” de João Almeida

A cara de miúdo e os cabelos loiros não o deixam passar despercebido na Assembleia da Republica, onde é deputado. O benjamim do CDS-PP é também membro da Comissão Política do PP e, antes de ser presidente da estrutura jovem do partido, passou pela vice-presidência da mesma e pela presidência da mesa do núcleo de estudantes populares da Universidade Católica. Aos 26 anos, já foi visto a “disparar” em todas as direcções, com mais ou menos pontaria.

Quando o ex-líder centrista Manuel Monteiro (também anteriormente líder da “jota” do partido) bateu com a porta do CDS-PP, João Almeida não se absteve de o criticar, acusando-o de “fazer aquilo que ele próprio criticou a outros que abandonaram o partido por não concordarem com as opções estratégicas”.

Sendo os populares de matriz conservadora, não lhe tem sido fácil manter-se longe de polémicas em temas em que os jovens tendem a ser mais liberais. Assim foi há dois anos, quando Miguel Barbosa, líder da JP/Porto, tentou impedir a realização da II Semana Cultural do Orgulho Gay, Lésbico, Transsexual e Bisexual do Porto. As declarações causaram “mossa” e João Almeida teve de deitar água na fervura, demarcando-se do colega portuense e reafirmando a «tolerância» dos “populares”.

Mas foi com os ataques ao então cabeça-de-lista socialista às Europeias, em Junho deste ano, que João Almeida conheceu o lado escuro das luzes da ribalta. Referiu-se publicamente ao ex-ministro das finanças como sendo “um senhor careca, de óculos grandes e esquisitos”, mas acabou por pedir desculpas pelas “metáforas” com que caracterizou Sousa Franco. O incidente teria passado despercebido não fosse a morte súbita do professor em plena campanha eleitoral.

João Almeida é licenciado em Direito e, além do azul do CDS-PP, é também aficionado pelo do Belenenses. O jovem “popular” chegou mesmo a liderar a “Fúria Azul”, claque do clube do Restelo.

Jorge Nuno Sá, presidente, mas pouco

O deputado à Assembleia da República Jorge Nuno Sá vai recandidatar-se ao segundo mandato como presidente da JSD, mas não terá vida fácil. O Congresso estava marcado para 10, 11 e 12 de Dezembro, mas foi adiado para data a determinar devido à queda do Governo de coligação liderado pelo PPD-PSD.

A candidatura de Jorge Nuno Sá não conta com o apoio de grande maioria das “distritais”, havendo mesmo movimentos dentro da “jota” laranja no sentido de a evitar.
Numa reunião em Coimbra, em que 11 distritais conjuraram contra o actual líder, alguém chegou a dizer que “[Jorge Nuno Sá] é um bom rapaz, mas um mau político”. O próprio assume ter passado tempo demais a olhar para o retrovisor, em vez de olhar em frente”, mas afirma ter sido um “erro” que não voltará a cometer.

Apesar da “vontade pessoal” de Jorge Nuno Sá, que diz terem sido “cumpridos os objectivos essenciais”, a grande falange dos seus opositores internos acusam-no de “inacção” e fala-se já no nome de Ana Zita Gomes, secretária-geral da “jota” social-democrata, para o substituir.

Pedro Nuno Santos: na senda do Bloco

Pedro Nuno Santos, actual secretário-geral da Juventude Socialista, foi eleito muito recentemente (18 de Julho de 2004, no Congresso de Guimarães), mas já marcou terreno à esquerda, apostando em temas como a despenalização do aborto.
Desde logo, o sucessor de Jamila Madeira (agora eurodeputada) na “jota” rosa assumiu que queria fazer com que a estrutura desse uma “guinada” à esquerda, numa tentativa de recuperar o espaço perdido para o Bloco de Esquerda no coração dos mais jovens.

E tem-no feito: aquando da polémica vinda a Portugal do “Born Diep”, barco da organização holandesa “Women on Waves”, Pedro Nuno Santos colocou uma embarcação à disposição de quem quisesse visitar o navio-clínica e aproveitou para criticar o Governo pela recusa em realizar um referendo sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez e para exigir educação sexual nas escolas.

Antes, aquando da sucessão de Santana Lopes a Durão Barroso no cargo de primeiro-ministro, Pedro Nuno Santos não se deixou antecipar pelos pupilos de Louçã e pediu ao Presidente da República que dissolvesse o Parlamento e convocasse eleições.

Num ano em que José Sócrates, candidato a primeiro-ministro, procura simpatias ao centro, tirando votos ao tradicional eleitorado social-democrata, o dirigente da Juventude Socialista não descura o eleitorado de esquerda e procura ganhar pontos ao Partido Comunista e ao Bloco.

Andreia C. Faria