A diabetes atinge cada vez mais jovens e crianças na nossa sociedade.

Existem dois grandes tipos de diabetes: a diabetes tipo 1 (ou diabetes mellitus insulino-dependente) e a diabetes tipo 2.

A diabetes tipo 1 não é hereditária e é a que mais afecta as crianças e os jovens. Esta diabetes caracteriza-se pela completa destruição das células Beta (as células do pâncreas) responsáveis pela produção de insulina.
É a insulina que absorve a glicose para estabilizar os níveis de açúcar do sangue. Um diabético de tipo 1 tem elevados níveis de açúcar no sangue que não consegue estabilizar. Neste caso, o paciente é dependente de insulina.

A diabetes de tipo 2 caracteriza-se por uma forte resistência à insulina e está muitas vezes associada à obesidade. Cada vez mais a obesidade é uma realidade, mesmo para crianças que se vêem cedo a braços com uma doença como a diabetes.

Existem outros tipos de diabetes. A diabetes gestacional, por exemplo, que se caracteriza por um aumento nos níveis de açúcar de uma grávida, que voltam a baixar após o parto. Nestes casos, há a possibilidade de, mais tarde, virem a desenvolver diabetes de tipo 2.

Choque emocional causa diabetes

Renata Lino não é exemplo de nenhum dos tipos acima descritos.
Aos cinco anos, a mãe da Renata sofreu um acidente de automóvel que a transfigurou, explicou Renata. A sua diabetes proveio de um choque emocional quando a viu. O seu pâncreas deixou de funcionar.

A partir de então, Renata depende de insulina todos os dias, “picando-se” quatro vezes por dia, sempre antes das refeições.

De acordo com Renata, existem diabéticos que podem não se “picar” tantas as vezes ao dia. A quantidade de insulina varia de acordo com a funcionalidade do pâncreas. Há mesmo diabéticos que conseguem estabilizar os níveis de insulina através de comprimidos. Para Renata, a solução foi, é e será insulina injectável, uma vez que o seu pâncreas está “completamente inutilizado”.

Dos primeiros tempos, Renata não se recorda de nada. Sabia apenas que “tinha de a tomar” (a insulina) e era a sua mãe e a sua avó quem a administravam, uma vez que ainda se recorria a seringas.

Posteriormente, surgiu aquilo a que Renata se refere como “canetinhas”, objecto semelhante a uma agulha minúscula que tornou a toma de insulina mais prática e confortável. Com as “canetinhas”, Renata passou a administrar a insulina a si própria, a partir dos 10/11 anos.

De três em três meses, Renata vai ao médico por motivos de rotina. Como explica, qualquer pequena infecção num diabético faz com que os níveis fiquem “descontrolados”. No Natal e no Verão, mesmo sabendo que um diabético deve ter cuidados especiais com a alimentação, Renata toma uma dose reforçada de insulina, para que possa comer alguns docinhos. Aliás, são os próprios médicos que assim recomendam.

Mesmo sendo diabética, Renata faz uma vida complemente normal, cumprindo todas as tarefas, com o senão de se “cansar um pouco mais”, como refere.
O facto de ter crescido com a administração de insulina todos os dias fá-la encarar a doença de forma diferente, como um hábito, de uma maneira bem sua e peculiar.

Maritza Silva