A blogosfera entrou no dia-a-dia dos profissionais e dos meios de comunicação. Exemplo disso é o blog sobre as últimas eleições norte-americanas criado pelo jornal “Público”. Para perceber o porquê desta decisão, e em que ponto está a relação jornalismo – blogosfera, entrevistámos o director do jornal “Público”, José Manuel Fernandes.

Relação Blogs – Media/Jornalismo

Para José Manuel Fernandes, os órgãos de comunicação social e os blogs estão em pé de igualdade, porque os primeiros são órgãos colectivos que obedecem a princípios de edição e inspecção e os segundos são quase diários da net.
Já as lógicas de cada um deles é que são diferentes. Os blogs, diz o director do “Público”, são “ou de opinião ou reflexão ou chamam a atenção para aspectos particulares da vida e não têm um carácter geral”. “Não funcionam ainda como uma fonte de informação para as pessoas”, salienta.

Se há jornalistas que acham que os blogs são uma forma de jornalismo amador, este jornalista não é da mesma opinião. Porquê? Porque não é equiparável ao Jornalismo e nem sequer se aproxima do Jornalismo amador. Um blog, diz, é um local onde se dão apenas informações soltas que podiam fazer um jornal. “Hoje já há quem goste de fazer isso em público, de recomendar aos seus amigos. Vão lá colocando fotografias, quadros, poemas”, ri-se.

A separação entre jornalismo e blogosfera é mais visível, segundo José Manuel Fernandes, quando os jornalistas escrevem nos blogs as suas opiniões, podendo estas ser confrontadas com as notícias dos mesmos. Uma comparação que não é muito favorável ao jornalista e ao jornal onde trabalha.

Blog “Público”

Na altura das eleições presidenciais norte-americanas, em Novembro passado, a versão on-line do jornal “Público” tinha um blog idealizado, concretizado e mantido pelo correspondente do jornal em Nova Iorque. O blog era composto por apontamentos leves e não por notícias, como José Manuel Fernandes fez questão de frisar.

Porquê um blog? Porquê as eleições norte-americanas? “Foi a primeira vez que fizemos um blog e procurava dar uma visibilidade especial de um dos eventos mais importantes do ano passado. Permitia dispor informações especiais que num jornal não eram facilmente acessíveis”, explica. O blog funcionava como um complemento do que o jornal dava, apesar de não ser completo e de “não bastar como informação”.
A criação de novos blogs não está, contudo, na perspectiva do director do jornal “Público”.

Ana Sofia Coelho
Tatiana Palhares