O Instituto Franco Português e a Fundação Gulbenkian assinalam hoje e amanhã, em Lisboa, o centenário do nascimento do filósofo e escritor francês Jean-Paul Sartre (1905-1980).

As comemorações têm início hoje, às 18 horas, com a projecção de um documentário com “retratos cruzados” de Jean-Paul Sartre e da sua companheira Simone de Beauvoir. Este documentário, realizado em 1967 pela jornalista canadiana Madeleine Gobeil-Noël, é inédito na Europa.
A exibição será seguida de um debate com Eduardo Lourenço, Madeleine Gobeil-Noël e Anne Cohen-Solal, autora da biografia de Sartre, escrita há cerca de 20 anos.

Para amanhã, está agendada a projecção do “Dossier Sartre” e do “Dossier Beauvoir”, ambos da autoria de Gobeil-Noël, seguindo-se um debate com a jornalista e Anne Cohen-Solal.

O vulto da filosofia francesa

Jean-Paul Sartre nasceu em Paris a 21 de Junho de 1905. Desde pequeno que Sartre mostrou uma personalidade forte, caracterizada pela inteligência e pelo egoísmo.

Aos 19 anos, ingressa no curso de Filosofia da Escola Normal Superior onde conhece Simone de Beauvoir, que viria a ser a sua companheira.
Em 1933, parte para Berlim afim de estudar o existencialismo, filosofia que vê o homem como um ser totalmente livre e, como tal, responsável pelo que faz de si mesmo.

Em 1934, de volta a Paris, o filósofo escreve a “A Náusea” (publicado em 1938), um romance filosófico que transformou Sartre numa das mais promissoras figuras literárias.

Durante a II Guerra Mundial, Sartre foi preso pelo exército alemão. Graças a um atestado médico falso, é libertado em 1941 e começa a escrever a sua obra-prima “O Ser e o Nada” (publicado em 1943). Já depois da Guerra, em 1946, escreve “O existencialismo é um humanismo” onde explica o existencialismo numa linguagem mais acessível aos populares.

Em 1952, Sartre torna-se marxista e é sob a influência desta escola de pensamento que escreve, em 1960, “Crítica à Razão Dialética”. Em 1964, quatro anos mais tarde, rejeita o Prémio Nobel da Literatura por defender que “o escritor não se deve deixar transformar pelas instituições”.

A década de 70 é marcada pelos problemas de saúde. Assistido de perto por Beauvoir, Sartre ficava cada vez mais debilitado, acabando por falecer a 15 de Abril de 1980, aos 74 anos.

Andreia Barbosa