Dois especialistas em Saúde Pública ouvidos pelo JPN consideram eficazes e suficientes as actuais precauções do Plano de Contingência português para o surto da gripes das aves. Delfina Antunes e Nuno Sousa são médicos no Centro de Saúde da Batalha no Porto que, segundo dizem, está pronto para fazer face a qualquer caso de surto que possa surgir.

Não é uma simples dificuldade respiratória

Delfina Antunes é médica no Centro de Saúde da Batalha e representante nacional das autoridades de saúde portuárias e aeroportuárias para a revisão do regulamento sanitário internacional no quadro da Organização Mundial de Saúde (OMS).

A especialista explica a principal diferença entre os habituais vírus da gripe e o vírus da gripe das aves. Este vírus ataca sobretudo o aparelho respiratório e provoca uma grave insuficiência respiratória. Normalmente demonstra-se de forma branda, mas revela um rápido desenvolvimento. Sem tratamento, o paciente morre ao final de sete dias.

Importância de uma medicina de controlo preventivo

A especialista revela ainda que a prioridade no combate a este surto é tomar precauções especiais, salientando a importância de uma medicina de controlo preventivo. Para já, o surto está polarizado no Vietname e no Camboja, regiões onde a cultura da sociedade é propícia ao aparecimento deste tipo de surtos. “Há uma maior promiscuidade entre as pessoas e os animais”, afirma a médica.

Delfina Antunes enumera as precauções necessárias para evitar um surto: higiene dos espaços, lavagem a húmido dos locais que sejam habitat habitual de aves, não permitir o consumo de aves doentes, evitar o inalamento de poeiras dos excrementos de aves e não frequentar os mercados deste animais.

Pneumonia atípica foi uma lição para o mundo

“A pneumonia atípica foi uma lição para o mundo. Já há uma experiência anterior com a pneumonia atípica”, recorda Nuno Sousa. Delfina Antunes diz que as autoridades de saúde não tiveram uma boa resposta face à pneumonia atípica. “Estamos preparados para a pneumonia atípica por isso também estamos preparados para a gripe das aves”, afirma Nuno Sousa.

Os especialistas consideram que as actuais precauções em Portugal são suficientes e tanto quanto se sabe o vírus não se propaga de pessoa para pessoa, o que seria necessário para o surto evoluir para a situação de pandemia.

Pedro Sales Dias