Hanna Lee é sul-coreana. Em Setembro veio para Coimbra estudar português. Por certo que o nome “Fantas” lhe era totalmente estranho. Mas quando Byung-chun Min, realizador de “Natural City”, aceitou vir ao Fantasporto promover o seu filme, pôs-se um grande problema à organização: só sabia falar coreano. A prática veio revelar que as capacidades linguísticas de Byung-chun Min, um dos realizadores mais conceituados do seu país, não eram tão limitadas como isso, mas foi graças a ele que Hanna Lee chegou a colaboradora do “Fantas”.

“Gostei imenso”, confessa Hanna Lee, para quem a esperiência no festival portuense foi uma oportunidade para “aprender a língua e a cultura portuguesas” e para conhecer “muitas pessoas interessantes”. A sul-coreana não poupa elogios ao ambiente do festival, que classifica de “muito bom”. “As pessoas foram todas muito simpáticas para mim”, diz. “Só conhecia os realizadores coreanos de nome e agora até sou amiga de alguns deles”, refere Hanna Lee, para quem, enquanto fã de “Natural City”, foi um privilégio acompanhar Byung-chun Min nos seus passeios pelo Porto e perceber algumas das motivações por detrás da sua obra. A vontade de voltar para o ano é por isso “grande”.

Junichi Tomonari, o jornalista


Junichi Tomonari é crítico de cinema japonês e chegou pela primeira vez ao Fantas em 1995. De então para cá apenas perdeu a edição de 2004. Razão: “qualidade do festival”. Dos filmes que viu este ano, Junichi preferiu “Fighter In The Wind”, de Yun-ho Yang, da Coreia do Sul e o tailandês “P”, de Paul Spurrier. Isto apesar do japonês criticar a generalidade do cinema coreano, que diz “imitar muito Hollywood, quando deveria ter uma personalidade própria”. “Fighter In The Wind” foi uma excepção a essa regra e “P” é mesmo destacado pelo crítico como “um dos melhores filmes que já viu no Fantasporto”.

Mas não são só os filmes que fazem com que este homem faça uma viagem desde o outro lado de mundo. “Às vezes esqueço-me dos filmes e perco-me no Porto”, diz Junichi, elogiando a beleza da cidade, especialmente “a Ribeira e o ‘labirinto’ da Sé”.

Curiosa é a ligação de Junichi ao género fantástico. Para além de crítico de cinema, Tomonari escreve romances de ficção científica. O que é mais uma razão para vir ao “Fantas”, já que o japonês confessa receber dos filmes fantásticos “estímulo e inspiração” para a escrita.

Para além dos filmes há toda uma “intimidade” no festival, em que “os convidados são capazes de esquecer os filmes e ficar a conversar até de manhã”. Junichi aponta esse ambiente como uma vantagem do “Fantas” e de outros festivais que se dedicam a géneros mais específicos, dado que “não há distinções entre convidados, todos são iguais e falam entre si”. De resto, o japonês elogia as “festas todas as noites”, que o levam a dormir “duas ou três horas por dia”. “O Fantas é uma festa”, diz. E para o ano Junichi vai voltar.

João Pedro Barros
Carina Branco