Quando aos vinte minutos de jogo Damien Duff apontou o 3-0 para o Chelsea, poucos podiam imaginar que o jogo com o Barcelona se iria tornar num dos mais emocionantes jogos de futebol a nível europeu da temporada. Mas a verdade é que assim foi. E, para não variar, a vitória acabou por cair para o lado do Chelsea, através de uma das grandes armas do equipa de Mourinho: as bolas paradas.

Mas comecemos pelo princípio. O Chelsea entrou a todo o vapor em jogo, aplicando a já habitual imagem de marca da equipa londrina: pressão asfixiante a meio campo e contra-ataque rápido. A defesa do Barcelona cedo se mostrou desajustada face ao ataque dos “blues”, talvez surpreendida pela aposta de Mourinho em dois pontas de lança, Kezman e Gudjohnsen. Van Bronckhorst, defesa esquerdo do “Barça”, revelava-se particularmente incapaz de suster a rapidez de Duff e Joe Cole.

Aos vinte minutos o Chelsea tinha criado quatro oportunidades, marcado três golos e praticamente resolvido a eliminatória. Os golos de Gudjohnsen, Lampard e Duff puseram Stamford Bridge em delírio. Como o Chelsea apenas por uma vez tinha sofrido mais do que um golo em casa esta época, a recuperação do Barcelona era, pelo menos, improvável.

A surpreendente resposta do Barcelona

O Chelsea recuou na sua pressão, o que deu mais posse de bola ao Barcelona. Com menos “operários” em campo do que habitual, apenas Makelele funcionava como recuperador de bolas por excelência. No entanto, mesmo quando recua as suas linhas, o Chelsea costuma ser eficaz.

Foi feliz o clube catalão ao beneficiar de uma grande penalidade provocada por uma mão ingénua de Paulo Ferreira. Ronaldinho Gaúcho marcou o respectivo pénalti aos 27 minutos e executou onze minutos depois o momento do jogo: um remate à entrada da área, com tanto de simplicidade como de técnica. O Barcelona tinha virado de forma surpreendente uma eliminatória que tinha parecido perdida.

A segunda parte foi jogada em ritmo bem mais lento, apesar de alguns lances perigosos junto às duas balizas. Mas a grande oportunidade de acabar com a eliminatória foi para o “Barça”, aos 74 minutos, quando um remate de Iniesta foi desviado para o poste, com Eto’o a falhar o golo de baliza aberta.

Cumpriu-se então um lugar comum do futebol: o Barcelona não marcou, aproveitou o Chelsea. Duff apontou o canto e Terry desviou de cabeça para a baliza. Uma jogada já bem conhecida do clube de Londres, mas praticamente infalível. Corria o minuto 76 e o Chelsea já não deixou escapar a vantagem. No final, Mourinho comemorou efusivamente com os jogadores, no relvado. A única eliminatória europeia que perdeu foi contra o Halmstads em 2000, no tempo em que treinava o Benfica.

Ficha de Jogo

Chelsea, 4 – Cech; Paulo Ferreira (Glen Johnson, 50′), Terry, Ricardo Carvalho e Gallas; Joe Cole, Makelele, Lampard e Duff (Huth, 86′); Kezman e Gudjohnsen (Tiago, 79′)
Treinador: José Mourinho

Barcelona, 2 – Victor Valdés; Belletti (Giuly, 84′), Puyol, Oleguer e Van Bronckhorst (Sylvinho, 45′); Gerard, Xavi e Deco; Iniesta (Máxi López, 86′), Eto’o e Ronaldinho
Treinador: Frank Rijkaard

Golos: 1-0 Gudjohnsen (8′); 2-0 Lampard (17′); 3-0 Duff (19′); 3-1 Ronaldinho (27′, g.p); 3-2 Ronaldinho (38′); 4-2 Terry (76′).

João Pedro Barros