O Sindicato Nacional do Ensino Superior (SNESup) pretende ver medidas aplicadas para aumentar candidatos ao ensino superior e melhorar a preparação dos mesmos. Quais são essas medidas?
Essas medidas são da responsabilidade do ministério da educação e de actuação ao nível do secundário. Não estamos a pensar tanto no nosso sector mas sim a nível do ensino secundário. Como sabe há uma grande taxa de abandono escolar, muito maior do que em qualquer país da Europa, ao nível dos jovens que não chegam ao ensino superior e vão para o mercado de trabalho ou eventualmente para o desemprego.

Uma das prioridades é a situação de risco dos docentes cujo vínculo profissional não se confirma. Como comenta essa situação?

No ensino superior politécnico a situação é mais grave uma vez que se generalizou em vez da carreira docente, os convites. Os convites estavam destinados a carreiras de componente mais técnica, hoje em dia é utilizado em todo o tipo de disciplina. As pessoas são contratadas por um ano, que é ou não renovado mediante novo convite.
[No ensino superior politécnico]Não há aquele mecanismo que é usado no ensino universitário: quando uma pessoa tira o doutoramento passa imediatamente a pessoal auxiliar. No politécnico não. A pessoa cumpre a sua parte e ao fim de alguns anos, na melhor das hipóteses, renovam-lhe o contrato. Mesmo depois de ter feito o mestrado não há lugar nem vontade política para ficar e [o docente] é obrigado a sair da carreira ou a passar a professor “convidado”.

Quanto tempo costuma durar estas situações?

Há pessoas que estão assim há 6, 7 e mais anos. É uma situação que deve ser rapidamente revista e corrigida. Pessoal altamente qualificado é convidado para trabalhar como assistente.

O que pensa do novo ministro da Ciência e Ensino Superior?

O professor Mariano Gago na ciência deixou algum trabalho positivo. Obviamente que toda a gente comete erros. Vamos ver agora no ensino superior, onde as questões são mais complexas e exigem mais medidas com implicações políticas que envolvem todo o governo.
É uma pessoa prestigiada no meio dos professores, mas vamos ver quais são as suas prioridades. Queremos analisar o programa e o posicionamento do ministério. Estamos na expectativa.

Pedro Gonzaga Nolasco