“Tenho de agradecer muito comovidamente aos portugueses porque tenho a noção de que sempre me trataram bem”, afirmou Jorge Sampaio durante a visita à Escola Básica Raul Lino, em Lisboa, onde assinalou os nove anos de Presidência. Sampaio recusou fazer uma auto-crítica ao seu mandato, argumentando que “terão que ser os portugueses a fazer o balanço” dos seus nove anos como chefe de Estado.

Segundo fonte de Belém, citada pela agência Lusa, a visita tem o objectivo de chamar a atenção para a importância da educação, sobretudo do ensino básico, para o desenvolvimento do país.

Jorge Sampaio termina o seu segundo mandato em 2006 e a partir do próximo Verão ficará sem os poderes de dissolução do Parlamento.

O Presidente da República dissolveu a Assembleia da República em Dezembro do ano passado, decisão que forçou a queda do governo liderado por Santana Lopes e que foi motivo de grande polémica, sobretudo entre os sectores mais ligados aos partidos do governo.

Mandato conturbado

Foi um segundo mandato caracterizado por grande instabilidade política, iniciado pela subida ao poder de Durão Barroso, após o abandono de Guterres, e da formação de coligação PSD/PP. Em 2004, Durão Barroso é convidado para assumir o cargo de presidente da Comissão Europeia, e indica Santana Lopes para a sua sucessão. Sampaio, apesar de fortes pressões sociais e políticas, nomeadamente vindos da esquerda, decide não convocar eleições e nomeia Santana Lopes para o cargo de primeiro-ministro, no Verão do ano passado.

Quatro meses depois, Sampaio opta pela dissolução e convoca eleições antecipadas, que deram a maioria absoluta ao PS.

Sócrates foi chamado para formar Governo e vai ser empossado pelo Presidente da República no próximo sábado, dia 12.

Miguel Conde Coutinho