O Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI) está inserido no projecto PIBRAC (Piezoelectric Brake Actuator) que pretende criar um novo sistema de travagem para aeronaves, baseado na tecnologia dos materiais piezoeléctricos (transformam directamente corrente eléctrica em deformação e vice-versa).

As vantagens em relação ao actual sistema hidráulico são consideráveis. Além de maior segurança na travagem, “a introdução de uma nova geração de actuadores piezoeléctricos significará uma redução de cerca de 50% do peso em relação aos actuadores actuais e de 80% menos da energia requerida para a sua activação”, disse ao JPN o investigador do INEGI e coordenador para a área da aeronáutica da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), Silva Gomes.

Além disso, ainda segundo o investigador, estes actuadores “representam melhorias consideráveis do ponto de vista da poluição ambiental”, uma vez que o uso de óleos e outros materiais pouco amigos do ambiente será mais reduzido.

No entanto, a comercialização deste tipo de tecnologia só começará a ser feita “provavelmente em 2020 ou 2025”, refere Silva Gomes, uma vez que a indústria aeronáutica, como forma de garantir a segurança, exige 15 a 20 anos de experiência antes da sua implementação definitiva.

O projecto está a ser desenvolvido por um consórcio internacional liderado pela SAGEM, que engloba o INEGI, cujo papel passa pela área dos componentes, na qual é especialista.

O Estado português financia, ainda que indirectamente, o projecto. “Existem no INEGI duas Unidades de Investigação, que são apoiadas pelo Programa de Financiamento Plurianual da FCT [Fundação para a Ciência e Tecnologia], e no âmbito das quais se desenvolvem as actividades de I&D [Investigação e Desenvolvimento] associadas ao projecto PIBRAC e a muitos outros projectos de investigação nas mais variadas áreas”, revela Silva Gomes.

“As companhias aéreas portuguesas e os portugueses em geral beneficiarão das vantagens desse novo tipo de travões piezoeléctricos”, sublinha o investigador.

Daniel Brandão