Um transplante revolucionario de células do pâncreas num diabético britânico diminuiu a sua dependência de insulina. Esta nova ténica foi desenvolvida na Universidade Canadiana de Alberta , pelo especialista britânico James Shapiro.

O processo terapêutico consiste em extrair células do pâncreas de um dador, purificá-las, prepará-las e injectá-las no fígado do doente. A operação demora uma hora e é feita com anestesia local.

A terapia estava a ser testada desde o ano 2000. Nesta intervenção, os resultados foram promissores. A diabetes tipo I é uma patologia em que o sistema imunológico ataca as células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina. No processo foi necessário um milhão destas células, recorrendo a três dadores. A falta de dadores é o maior problema no desenvolvimento desta técnica.

Problema dos dadores

A preparação para um transplante de células eficaz implica mais do que preparar um pâncreas para transplante. “Embora os resultados sejam animadores, continua a considerar-se o recente transplante uma terapêutica experimental”, afirma José Medina Vieira, responsável pelo departamento de endocrinologia do Hospital de S. João, no Porto.

Os especialistas estão a tentar obter células produtoras de insulina por outra forma. Considera-se a obtenção de células a partir de dadores já mortos ou a partir de células estaminais produzir outras que produzam insulina.

A nova técnica representa um avanço muito importante na medicina. “Enquanto não conseguirmos fazer a prevenção da diabetes tipo I, é um dos métodos importantes. Hoje assiste-se a uma corrida entre o sucesso total do transplante de ilhéus pancreáticos do fígado e a preparação de mini-bombas infusoras de insulina”, menciona o especialista.

Portugal não tem as infra-estruturas e apoios necessários

“A nível de investigação, os EUA estão mais avançados”, afirma Medina Vieira. A investigação nesta área requer infra-estruturas dispendiosas de grande envergadura e um apoio laboratorial forte para fazer o isolamento das células. Para o investigador, Portugal não possui estas condições.

A diabetes é actualmente a quinta causa de morte em Portugal. Atinge mais de 300 mil pessoas e 25 mil destas são insulino-dependentes.

Pedro Sales Dias