A vida e obra de Hans Christian Andersen foram recordadas hoje na Fundação Cupertino de Miranda, no âmbito do III Encontro de Literatura, promovido pela editora Gailivro. O encontro contou com a participação de estudiosos do escritor e de outros interessados na sua obra. Entre estes estiveram, Isilda Afonso, Helena Serra, Silva Duarte, Glória Bastos, Marta Martins e Anabela Mimoso.

A tradição e a inovação nos contos de Andersen e os seus contos vistos como uma comunidade de saberes foram os temas abordados no encontro, que antecipou a temática do Dia Internacional do Livro Infantil, celebrado a 2 de Abril.

Andersen é conhecido pela imagem de escritor para crianças, mas o protótipo é falso. “Isto é devido ao facto de na Europa Oriental, Rússia e Oriente terem sido os seus contos interpretados a um nível mais intelectual”, afirma Silva Duarte, estudioso de Andersen. Noutros países, como a Dinamarca, o escritor foi aceite como um autor que se dirige também à audiência adulta.

Tradição e inovação nos contos de Andersen

Partindo de contos tradicionais, o escritor seguiu vias autónomas. “A tradição dá a ideia, que depois a imaginação do autor conduz em direcções diversas aos padrões mais rígidos da moral oitocentista”, refere Glória Bastos, do departamento de Ciências da Educação, da Universidade Aberta.

O primeiro volume de contos publicados de Andersen integra “O isqueiro”, “O pequeno e o grande Claus”, “A princesa e a ervilha” (contos baseados em histórias tradicionais), e “As flores da pequena Ida”. Sendo já um autor conhecido, com várias obras publicados – peças para teatro, poesia e relatos de viagens -, este volume é o início da relação proveitosa entre a tradição e a renovação da literatura infantil.

A morte em Andersen

“De facto, morre-se muito em Andersen, não da morte, a que poderíamos chamar punitiva, como nos contos populares ou de fadas, mas de um tipo de morte que raramente aparece na literatura para os mais novos: a morte redentora”, menciona Anabela Mimoso, da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP).

Nos contos de Andersen, a morte liberta do sofrimento físico, da fome, do frio, da doença. “A morte é humanizadora”, conclui Anabela Mimosa.

Hans Christian Andersen nasceu em Odense na Dinamarca e escreveu mais de 150 contos, parte deles inspirados em histórias de tradição oral. Nos seus contos mais populares destacam-se “O Patinho feio”, O Soldadinho de chumbo” e a “Pequena vendedora de fósforos”.

Pedro Sales Dias