Decorre até 23 de Março a terceira edição de “Os Dias do Documentário” no Cinema King em Lisboa. Este ano há uma forte predominância de documentários políticos e sociais a par de filmes sobre música.
“Procurámos temas que fossem realmente interessantes nesta altura e que tivessem abordagens originais e inovadoras. Também quisémos mostrar cineastas pouco divulgados em Portugal e criar um contraponto entre os filmes de temáticas sociais e políticos com alguns filmes sobre música e um sobre vinhos”, explicou ao JPN Dario Oliveria, um dos responsáveis do evento com Rui Pereira.
“Mondovino” de Jonathan Nossiter é uma revelação. Trata-se dum documentário sobre as máquinas instaladas na produção vinícola e sobre as lutas entre entre agricultores locais contra os poderosos da industria.
Há três filmes sobre música. “White Stripes, Under the Blackpool Lights” de Dick Carruthers é um concerto gravado em Super 8 dos White Stripes pelo responsável por filmes sobre bandas como Rolling Stones, Led Zeppelin ou Oasis.
“Dig!” de Ondi Timoner mostra a relação entre dois músicos amigos e rivais: Anton Newcombe, líder dos Brian Jonestown Massacre e Courtney Taylor, líder dos Dandy Warhols. Se não fosse este filme poucos teriam ouvido falar nos Brian Jonestown Massacre. Depois de sete anos de produção e de 1500 horas de filmagens, o documentário venceu o Grande Prémio do Júri para o Melhor Documentário do Festival de Sundance de 2004.´
“Touch of Sound” de Thomas Riedelsheimer foi o vencedor do prémio da Crítica em Locarno 2004. O filme retrata o percurso de Evelyn Glennie, uma percussionista surda, vencedora de vários Grammys, que tem uma abordagem do som completamente táctil.
“The Corporation” estreia em Portugal
Nos documentários de “intervenção” destaque para “The Corporation”, de Mark Achbar e Jennifer Abbott, vencedor de 24 prémios internacionais, 10 dos quais prémios atribuídos pelo público. O filme procura mostrar como as corporações dominam o nosso quotidiano, recorrendo a mais de 40 entrevistas, a personalidades como Noam Chomsky, Naomi Klein e Michael Moore.
Nesta terceira edição de “Os Dias do Documentário” será feita também uma retrospectiva do realizador cambodjano Rithy Pahn, alguém que viveu o pesadelo do regime Khmère Vermelho no Cambodja. “S21-La Machine de Mort Khmer Rouge”, “Bophana” (1996), “Site 2, Aux Bords des Frontières” (1989) e “La Terre des Âmes Errantes” (1999) são documentários onde o realizador regressa ao tempo ensombrado do genocídio comunista no Cambodja.
Nenhum documentário português consta do programa. “Esta 3ª edição só tem filmes estrangeiros porque no ano passado já houve uma dose 100% de filmes portugueses. Já que só tínhamos uma semana e uma sala decidimos mostrar filmes do resto do mundo para equilibrar e para criar hábitos de consumo”, revelou Dario Oliveira.
