Que tipo de apoios financeiros tem a PCAND?
Contratos-programa assinados pela Federação Portuguesa de Desporto para Deficientes que, de acordo com critérios internos, redistribui o apoio recebido, Secretariado Nacional de Reabilitação e Integração das Pessoas com Deficiência, através do Sub-Programa III, Cultura e Lazer; câmaras municipais e juntas de freguesia das localidades onde se organizam eventos, quotizações, ainda que muito baixas, dos associados, e empresas privadas.

Muitos atletas deficientes e mesmo os seus treinadores são obrigados a ter uma actividade profissional paralela. Como comenta esta situação?
A luta por melhores condições é eterna, apesar de se ter evoluído bastante nos últimos anos, no que diz respeito a reconhecimento de serviço público, nomeadamente através da criação da bolsa paralímpica, atribuída desde 2003. Saliente-se que alguns atletas e técnicos dos países mais desenvolvidos, chegam a pagar inscrições de participação do seu próprio bolso, o que não se passa em Portugal.

Como são vistos os atletas deficientes portugueses pelos atletas de outras modalidades em Portugal? E pelos atletas deficientes estrangeiros?
A nossa opinião é que, apesar de começar a existir algum respeito e admiração, o que impera ainda é o sentimento de comiseração, sobretudo devido à falta de informação da qualidade e do volume de treino desenvolvido pelos atletas com deficiência. Quanto aos atletas estrangeiros, temos que separar por modalidades. Assim, no boccia e no atletismo para cegos, Portugal, devido à excelência dos resultados que tem vindo a atingir, é considerado uma potência, e portanto, os nossos atletas são muito conhecidos e respeitados, apesar de algum prejuizo causado pelo facto de sermos um país periférico, pouco publicitado e portanto, pouco conhecido. Nas restantes modalidades, somos ainda menos conhecidos. Não se trata tanto de mais ou menos respeito, mas conhecimento e admiração pelo facto de ser mais conhecido pelos resultados obtidos.

O que é necessário para melhorar as condições de trabalho dos atletas deficientes?
É preciso que os clubes desportivos passem a aceitar mais atletas com deficiência e se preocupem verdadeiramente com eles; que os órgãos de comunicação social não se lembrem apenas dos Jogos Paralímpicos e dêem destaque a outras provas internacionais de prestígio, que entrevistem periodicamente atletas, técnicos e dirigentes; que o governo, através da entidade da tutela (IDP) e do Desporto Escolar, mais do que apoio financeiro sempre necessário, promova a formação e principalmente, conceda a mobilização de técnicos para a Federação (FPDD) e para as várias associações (ACAPO, ANDDEM, ANDDEMOT, LPDS e PCAND), a fim de poder implementar programas de desenvolvimento desportivo, já que, o maior problema sentido actualmente é a falta de atletas na base da pirâmide. Há pois que encontrar formas de promoção da prática desportiva para jovens com deficiência.

O que espera do novo governo em matéria de apoios?
Esperamos naturalmente uma continuação e reforço dos apoios financeiros conseguidos no último quadriénio, através de contratos-programa e, em especial, a mobilização de técnicos e apoio do Desporto Escolar, conforme referido no ponto anterior.

Pedro Sales Dias