Doutoramento “honoris causa” de Agustina Bessa-Luís e Eugénio de Andrade marcam o 94º aniversário da universidade.

O dia foi de festa para a academia do Porto. A romancista Agustina Bessa-Luís e o poeta Eugénio de Andrade, dois filhos da terra e pais da literatura portuguesa contemporânea foram condecorados ontem, terça-feira, com o doutoramento “honoris causa”. A iniciativa partiu da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

O reitor da UP, Novais Barbosa, recordou que esta distinção é “idealizada para ser conferida a individualidades que tenham contribuído de forma decisiva para o cumprimento da missão e objectivos da Universidade”. A figura máxima da UP classificou as duas figuras como “acentuadamente influentes na cultura e no tratamento do saber como grandes mestres da língua portuguesa, motivadores de vocações e inspiradores da realização de importantes estudos académicos”.

“Não há razão suficiente para que este predicado do doutoramento seja atribuído ao sujeito. E embora ame a língua portuguesa, não me apliquei a ela como devia…”. Com o jeito descontraído e a humildade que lhe são reconhecidos, Agustina Bessa-Luís falou assim de si própria.

Agustina Bessa-Luís é também reconhecida em Itália, onde a inauguração da Cátedra Agustina está prevista para o início do próximo ano lectivo, em Outubro. Um centro de orientação e de investigação, mas também de actividades culturais. Presente na cerimónia esteve também Manoel de Oliveira que, para Aniello Avella, professor da Universidade de Roma, é “um homem de culto em Itália muito responsável pela divulgação da obra de Agustina”.

Eugénio de Andrade foi também agraciado com o grau de doutor “honoris causa”, mas por motivos de saúde esteve ausente da cerimónia. Arnaldo Saraiva, padrinho de Agustina e professor catedrático da FLUP, e que substituiu também o padrinho de Eugénio de Andrade, Eduardo Lourenço, disse ao JPN que o poeta “nunca foi um homem que procurasse homenagens, mas sempre as recebeu com humildade e alegria. Não lhe interessam tanto os reconhecimentos públicos, mas a qualidade do seu trabalho e o empenho em dar aos seus leitores o prazer que as homenagens possivelmente não dão.”

Prendas de aniversário

A cerimónia serviu ainda como balanço do último ano na UP. Novais Barbosa apontou Bolonha, a autonomia universitária, o modelo de gestão e os Estatutos da Carreira Docente Universitária como prioridades para os próximos tempos. “A universidade tem carências, mas aproximando-se agora o [novo] quadro comunitário de apoio, será altura de se resolver definitivamente este problema”, explicou Novais Barbosa.

O Salão Nobre da Faculdade de Ciências (FCUP) foi pequeno para todos os participantes e curiosos numa cerimónia que contou ainda com a entrega de diplomas a estudantes distinguidos com o Prémio Incentivo, projectos vencedores do concurso “Investigação Científica na Pré-Graduação”. Foram ainda proclamados três novos professores eméritos da UP: Nuno Grande, Serafim Guimarães e Jorge Ribeiro Faria, catedráticos jubilados do ICBAS, da Faculdade de Medicina, e de Faculdade de Direito, respectivamente.

No âmbito das comemorações do aniversário da UP, está patente até 1 de Maio no edifício da Faculdade de Ciências a exposição, “A Universidade e a Cidade – O património edificado da Universidade do Porto”. A mostra é da responsabilidade da Faculdade de Arquitectura e dá a conhecer arquivos fotográficos de diferentes instituições da cidade, bem como as mais importantes características arquitectónicas dos edifícios da universidade.

Letícia Amorim