Os encontros são mensais. Este foi 12º e teve como tema “A fotografia no Porto do século XIX”.

Da câmara obscura ao cinema de Aurélio Paz dos Reis. Foi este o salto na evolução da fotografia que passou pela Casa do Infante. O evento conta com o apoio do Arquivo Municipal do Porto.

É com Niepce e Daguerre que o conceito de fotografia começa a ganhar forma. Mas o fenómeno das imagens que mostravam as pessoas tal como elas são e não como gostariam de ser (como acontecia na pintura) também se alastra a Portugal, que chega mesmo a ser um dos pioneiros, contando com duas das quatro casas existentes no mundo dedicadas à fotografia. O Porto é no século XIX uma cidade de fotógrafos ambulantes espalhados em torno da Praça da Liberdade, o centro da vida da cidade.

Nos inícios da fotografia eram os mortos os mais fáceis de retratar pois aguentavam os largos momentos de espera. Para os vivos, esta espera era atenuada com aparelhos que seguravam a cabeça e mantinham a pose para o retrato. Com a evolução da técnica, foram-se melhorando aspectos hoje banais como os negativos e a possibilidade de reprodução de imagens “ad aeternum”, a introdução da cor e as manipulações dos fotógrafos, especialmente nas cinturas das meninas menos elegantes que tinham namoros por correspondência.

Com nomes ligados à fotografia portuense como Frederick Flower, Miguel Novais, João Baptista Ribeiro e Domingos Pinto de Faria e os anúncios nos jornais a publicitar o ofício do fotógrafo, o Porto e as suas gentes passaram a estar nos postais e cartões de visitas, tal como acontecia noutras grandes cidades da época. A fotografia servia para embelezar as casas, recordar familiares, identificar criminosos e até ajudar na comunicação dos surdos-mudos.

Desmistificar o conceito de arquivo

O mediador do encontro, Manuel Araújo, fala do projecto que dura desde Abril de 2004: “mensalmente é escolhido um tema e um dos técnicos do arquivo é convidado a falar sobre ele”. Com um auditório completo de curiosos por fotografia, Manuel Araújo explicou ao JPN que o fenómeno das salas cheias nem sempre se verifica, já que “varia conforme o tema e a época do ano, porque há alturas em que as pessoas estão de férias e não vêm”.

É para acabar com o mito dos arquivos como locais recônditos e cheios de documentos empoeirados que os encontros são sempre na Casa do Infante. Manuel Araújo acrescenta que “os temas estão sempre dependentes do acervo do arquivo para que as pessoas saibam o que podem encontrar, uma das intenções é divulgar o que existe no arquivo”.

O próximo encontro da Casa do Infante é já a 21 de Abril e será sobre a “Ponte D. Luís, do vidro ao digital”. A entrada é livre mas com inscrição prévia.