António Paiva foi o homem seleccionado para encenar o “Cocktail Azul” e a escolha foi óbvia, uma vez que além da sua experiência como actor e encenador é o elemento mais antigo do grupo. O encenador participou em “Gota de Mel”, em 21 de Março de 1974, primeira peça que o Teatro Popular de Espinho (TPE) apresentou tendo-se mantido no grupo desde essa altura, primeiro como actor e depois também como encenador.

Trinta anos depois, António Paiva reconhece que as circunstâncias mudaram e recorda a história do TPE. Antes do 25 de Abril – “um período muito rico em termos de iniciativa e entusiasmo” – , o grupo juntava-se para conversar e conviver sem grandes ambições de chegar ao palco, embora tivesse apresentado a peça já referida“.

Depois viveu-se um período em que o público se começou a desinteressar pelo teatro, em que havia pouca gente para integrar o grupo, não existindo outra solução que não passasse por manter um grupo reduzido de pessoas. Mas nem tudo foi negativo e o encenador lembra que “nessa altura os elementos foram evoluindo do ponto de vista qualitativo, pois, sendo poucos e remando contra a corrente, foram aperfeiçoando o seu trabalho”.

Posteriormente o grupo entra num período que António Paiva considera “mais interessante, em que começam a aparecer novas pessoas, novas caras, jovens a virem aos espectáculos, jovens a quererem integrar o grupo como actores”. “Nós ainda estamos nessa fase em que há um novo gosto pelo teatro, com muita gente nova a querer fazer”, acrescenta o encenador.

“As pessoas novas que vão aparecendo também funcionam como uma espécie de desafio, enquanto que as pessoas mais velhas dão alguma segurança, pois sei que posso contar com elas para uma série de tarefas e, mesmo no trabalho de actor, dão uma resposta bastante consistente que permite às pessoas novas subirem de imediato a um certo patamar”, declara António Paiva.

O responsável revela que “o TPE tem dificuldade em integrar as pessoas que querem participar”. “Somos neste momento quinze actores a trabalhar e é difícil integrar mais gente. Muitas vezes temos de dizer não a quem nos procura, pois não temos capacidade de resposta”, lamenta.

Daniel Brandão