O grande vencedor da edição deste ano do Festival de Cinema e Vídeo Jovem de Espinho foi o documentário “Autografia”, que retrata a forma muito própria de ver o mundo do poeta e pintor surrealista Mário Cesariny. O filme de Miguel Gonçalves arrecadou o prémio de melhor documentário mas também o Grande Prémio FEST 2005.

“Grief”, filme do alemão Olaf Encke, sobre um motorista de táxi, venceu na categoria de melhor ficção. O FEST deu também um grande destaque ao cinema de animação, atribuindo, ex-aequo, o prémio referente a esta categoria aos filmes “For your blossom”, do britânico Gaku Kinoshita, e a “Flatlife”, de Sonas Geinaert, da Bélgica. O festival de Espinho também premiou, na área dos videoclips, “Black Cherry”, o trabalho feito pelo português Pedro Pinto com base na música dos Goldfrapp.

Bocas gigantes e Jeff Buckley

Uma das grandes novidades da edição deste ano do FEST foi a aproximação entre cinema e música. Neste capítulo, os dois grandes destaques vão para o excêntrico “The most gigantic lying mouth of all time” e para “Amazing Grace”. O primeiro é uma compilação de vinte e quatro curtas-metragens feitas por fãs dos Radiohead e pela própria banda. Segundo Filipe Pereira, director do festival, “a única exigência feita pela banda foi a de que não se cobrasse bilhete para a sessão”. Sublinhe-se que se tratou de uma ante-estreia a nível mundial.

“Amazing Grace” é um documentário assente em moldes bastante mais tradicionais, sobre o já falecido músico Jeff Buckley. Ambos os filmes tiveram uma presença considerável de público. Filipe Pereira garante que esta é uma aposta para continuar.

Saldo positivo

Em dois anos, o FEST registou um crescimento considerável, passando de um fim-de-semana para uma semana inteira. Este ano, foram apresentados noventa filmes a concurso, distribuídos por dez sessões competitivas. Apesar do orçamento reduzido que faz tremer a edição do próximo ano, foram ainda apresentadas exposições, workshops e concertos. Foi já assinado entretanto um acordo entre a organização do evento e a SIC Radical. Por estas razões, Filipe Pereira mostra-se “muito satisfeito”, na hora de fazer o balanço.

Carlos Luís Ramalhão