Numa longa reunião, que durou mais de três horas, Pedro Esteves, presidente da Federação Académica do Porto (FAP) apresentou, esta manhã, ao novo ministro da Ciência e Ensino Superior, as medidas que considera prioritárias para o Ensino Superior. Um primeiro encontro em que a participação dos estudantes nos órgãos sociais das instituições, a nova Lei de Financiamento, a aplicação do Processo de Bolonha e o apoio social aos estudantes foram os principais temas colocados em cima da mesa.

No que diz respeito ao financiamento do 2º ciclo de formação, a conclusão que Pedro Esteves retira desta reunião com Mariano Gago é clara: nos moldes actuais, “não vai haver financiamento do 2º ciclo”. Em relação a esta matéria, o presidente da Federação Académica do Porto não deixou de mostrar ao ministro a sua preocupação: “Nós justificámo-nos com a desvalorização do 1º ciclo por parte das ordens profissionais, com o desinvestimento na formação. O 2º ciclo é claramente um mestrado, logo, tem que se encontrar um ponto de equilíbrio entre o financiamento de Estado e o financiamento e a formação pessoal de cada cidadão. O que eu disse ao Governo é que havia a formação para o empreendimento, ou seja, para a vida activa. Toda a formação posterior seria da responsabilidade de cada um de nós”.

Outro tema de discussão foi a actual Lei de Financiamento do Ensino Superior. Mas, daqui, nada de novo: “o ministro do Ensino Superior disse que, como fazia parte do programa de Governo, não vai mexer na actual Lei de Financiamento nos próximos quatro anos. Disse que a matéria nem era para discussão. Essa foi outra posição que nos deixou de pé atrás”.

Acção Social para todos

Mas se o consenso parecia difícil, houve pelo menos uma questão em que FAP e Governo estiveram de acordo: o apoio social aos estudantes. Durante a reunião, o ministro terá anunciado um alargamento da acção social a toda a comunidade estudantil, do 2º ciclo até aos doutorados. Pedro Esteves diz que aí estão “completamente de acordo”. No entanto, “a FAP defende ainda a abertura aos privados, em termos de alimentação e residências universitárias.”

Além disso, falou-se sobre o desporto universitário na cidade do Porto, uma questão que há muito preocupa o presidente da federação académica. Pedro Esteves reclama que “os estudantes do Porto não podem continuar a recorrer a pavilhões e parques privados para praticar desporto”. O ministro ter-se-à mostrado “sensível a esta questão e garantiu que, a curto prazo, vai entrar em contacto com a reitoria para esclarecer toda esta situação”, disse ainda Pedro Esteves.

O JPN tentou contactar o Ministério da Ciência e do Ensino Superior, mas não foi possível obter qualquer comentário.

Anabela Couto