A evolução da tecnologia e a importância da comunicação em rádio foram alguns dos temas em debate ontem, segunda-feira, no curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Carlos Rico, Mário Augusto e Álvaro Costa foram os convidados do debate em torno das características da rádio ao longo do tempo.

“Temos que saber usar a tecnologia e não ser usados por ela”

Álvaro Costa, da Antena 1, lembrou que “a tecnologia e a economia são dois factores determinantes em rádio” e destacou a importância de “os sabermos utilizar da melhor forma possível”. Carlos Rico, jornalista da SIC que começou a carreira na Rádio Renascença, acrescentou que “tecnologicamente a rádio está melhor”, mas que por “haver mais facilidades na reportação das notícias, os jornalistas afastaram-se dos acontecimentos”.

“A rádio continua a ser o melhor meio para comunicar”

Álvaro Costa explicou que a “rádio sempre foi um negócio”, mas lembrou que antigamente “era feita com gozo e com prazer”. Na mesma linha, Carlos Rico disse que “se perdeu alguma coisa ao nível dos comunicadores de rádio”.

Com um percurso semelhante a Rico, o apresentador do “35 mm”, Mário Augusto, chamou a atenção para o facto de actualmente “haver poucos programas radiofónicos” em Portugal, ao contrário do que acontece nos Estados Unidos, onde “os programas de autor e de discussão estão a ser recuperados”. Apesar disso, o jornalista da SIC “não perde a esperança” e acredita que este “é apenas um processo de transição e que se vai recuperar novamente o encanto da rádio”. Álvaro Costa deixou um conselho aos futuros jornalistas presentes no auditório: “acreditem sempre que as coisas podem mudar e nunca desistam, até porque as pessoas começam a sentir falta do calor humano da rádio”.

Também se falou na democratização da rádio que, na opinião de Carlos Rico, “levanta alguns problemas”, visto que se passou “a dedicar demasiado tempo aos ouvintes” – “uma forma barata de se fazer rádio”. Para além disso, o antigo jornalista radiofónico lembrou que nas rádios portuguesas, ao contrário do que acontece no país vizinho, “há pouca defesa da palavra e uma esmagadora maioria de música anglo-saxónica”, opinião partilhada pelos três profissionais.

Diana Fontes