Qual é o ex-libris da Casa da Música?

A Casa da Música é o ex-libris, o próprio edifício em si. Mas penso que uma das características essenciais deste projecto são os envidraçados, as transparências do edifício. A Casa da Música é o ex-libris da cidade do Porto.

Qual foi a maior exuberância deste projecto? Onde é que se gastou mais dinheiro?

Sinceramente, não tenho a certeza. Mas neste edifício foi a parte dos acabamentos que custou mais. Mas a fase de construção das estruturas também absorveu muito dinheiro, porque o edifício é muito complexo, há muito betão e muito ferro. Penso que nas especialidades, ou seja, iluminação, áudio, vídeo, este edifício acabou por consumir bastantes recursos, porque é um edifício tecnicamente muito apurado. É um edifício muito especializado. Por exemplo, temos áudio profissional e estudos de gravação, temos infra-estruturas para imagem profissional… A iluminação cénica é sempre muito cara… Esse tipo de equipamento é sempre muito dispendioso.

Esta casa está ao mesmo nível que as grandes casas de espectáculo internacionais?

Certamente. Pela sua estética é uma casa muito específica, é uma casa muito especial. Eu diria mesmo, tal como diz o arquitecto deste projecto [Rem Koolhaas] é uma casa incatalogável, é um projecto incatalogável. Em termos de qualidade, de performance do edifício a nível acústico, a nível técnico está, de facto, entre as melhores existentes em todo o mundo.

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A cidade do Porto tem público para uma casa desta envergadura?

Tem, certamente. Se pensarmos em termos de capacidade, por exemplo, a capacidade do auditório está perfeitamente adaptada às dimensões e à população do Porto. Se pensarmos que o grande auditório, ou seja a sala 1, tem 1.238 lugares e o pequeno auditório tem 300 lugares, uma cidade e uma região com a área metropolitana do Porto que chega facilmente a um milhão de habitantes, não me parece de todo desadequada. Além disso, temos que pensar que a Casa da Música circunscreve um espaço geográfico mais alargado que envolve a Galiza, Coimbra e aí já passamos de repente para três milhões de habitantes. Para três milhões de habitantes, um espaço com cerca de 1.300 lugares já não é nada.

Quais são as expectativas para a abertura?

Eu tenho dito desde o início deste projecto, mesmo quando ainda só estava no papel, que este projecto iria representar para a cidade do Porto o mesmo que o museu do Guggenheim representou para a cidade de Bilbau e acho que realmente vai acontecer isto. Eu acho que o público vai aderir, não só o público da cidade do Porto e do norte do país, mas aos poucos a Casa da Música vai se tornar num local de referência em termos internacionais para pessoas que fazem o chamado turismo cultural. Foi isso que se notou no Guggenheim em Bilbau e penso que esta casa vai chamar ao Porto o turista cultural, que vem para Portugal para conhecer os aspectos relevantes da cultura nacional. Penso que a Casa da Música vai ter um papel essencial na promoção do Porto, da região norte do país e de Portugal.

Milene Câmara