“Numa coligação PS, CDU e BE em Lisboa e Porto as hipóteses de vitória seriam de 90%. Concorrendo sozinho, o PS pode ganhar ou perder”, explica ao JPN Rui Oliveira e Costa, politólogo e cientista político da Eurosondagem.

Um cenário idílico para a esquerda, mas cada vez mais improvável, agora que a hipótese de uma coligação para as próximas autárquicas no Porto entre o Partido Socialista (PS) e a Coligação Democrática Unitária (CDU) parece estar definitivamente afastada.

A possibilidade de uma união pré-eleitoral entre PS e Bloco de Esquerda (BE) poderá ser a única alternativa. O BE tem visto crescer a sua base eleitoral e nas últimas legislativas foi mesmo mais votado que o histórico PCP no Porto e em Lisboa. Por estes dias, em que se discutem as próximas autárquicas, os resultados promissores do BE poderão abrir portas a um entendimento com o PS.

As coligações pré-eleitorais são, em teoria, uma opção válida porque para além de garantirem mais votos permitem menos dispersão dos mesmos, pensa Rui Oliveira e Costa.

A força da CDU nas autárquicas

A hipótese de coligação entre PS e BE no Porto poderá não produzir os efeitos desejados. Como afirma Rui Oliveira e Costa, “do ponto de vista autárquico, a CDU é mais forte que o BE”. Para o politógo, “a experiência autárquica da CDU e o longo historial do PCP são pontos fortes que um partido jovem, como é o caso do BE, não pode ostentar. As autárquicas são eleições de proximidade e a história da CDU e dos seus candidatos jogam a favor dos comunistas”.

“Em Lisboa, a CDU poderá ter o dobro de votos do BE nas próximas autárquicas. Já no Porto, a tendência de predomínio comunista tenderá a manter-se mas com menos ênfase”, diz o politólogo e cientista político da Eurosondagem.

Com a prevista subida da CDU nas autárquicas mas sem coligação, o BE assume-se como uma solução de recurso para o PS. Contudo, poderá ser uma solução vital para a vitória da esquerda no Porto contra uma possível coligável PSD/CDS-PP.

Mariana Teixeira Santos