No momento em que a música terminava, havia uma voz que se erguia. Foi assim durante todos os concertos da Queima das Fitas do Porto. No momento em que as bandas arrancavam os últimos acordes, Paulo Baldaia subia ao palco para animar a audiência durante os próximos quinze minutos.

“Era um gajo sozinho no palco a chamar a atenção para algumas coisas. Já têm vindo falar comigo, tem sido muito bom”, afirma o artista de “stand up comedy”.
A voz que aqueceu o público recorda uma semana única: “não deve haver muita gente a actuar para 300 mil pessoas numa semana”.

O comediante, que durante quinze anos foi estudante de Engenharia Civil, foi convidado por Pedro Esteves, presidente da Federação Académica do Porto (FAP) para animar os tempos mortos entre concertos. A sua voz erguia-se no recinto da q
Queima fosse para falar na perspectiva de se tornar vendedor de rosas na Índia, fosse para pedir agradecimentos à plateia pela actuação do INEM e da segurança do recinto.

Agradecimentos à parte, Paulo Baldaia só tem más recordações das operações “Stop” da PSP às seis da manhã.

“O melhor foi a oportunidade de poder conviver com todas as bandas que cá estiveram durante toda a semana. Não é todos os dias que se pode cantar com os Orishas às quatro da manhã”, recorda.

Depois de terminar as andanças pelo curso de Engenharia Civil, o futuro de Paulo Baldaia está hoje bem enraizado na “stand up comedy”. “Comecei no Púcaros, que tem uma noite de anedotas há cinco anos. Ia lá todas as semanas e há um ano e meio comecei a ser convidado para o ‘Levanta-te e Ri’. A partir daí tive que começar a produzir porque tenho que escrever para um programa uma vez por mês”.

O rosto que animou os intervalos da Queima da Fitas fala de um futuro na comédia. O curso que o animou durante quinze anos parece agora totalmente esquecido. Contudo, é como estudante que deixa esta mensagem para todos os finalistas: “Que não se juntem à maior parte dos licenciados no desemprego porque eu andei quinze anos em Engenharia Civil para chegar à comédia”.

Mariana Teixeira Santos