“Em 30 anos, nunca aconteceu isto no Aleixo. Eu tenho vergonha do que aconteceu aqui”, lamenta a presidente da Associação de Promoção Social da População do Bairro do Aleixo (APSPBA), Maria Rosa Teixeira, referindo-se à recente morte de Vanessa Pereira, menina de cinco anos que terá sido espancada e atirada ao rio Douro.

Para a “Rosa do Aleixo”, como é conhecida a presidente, estas situações acontecem “porque as pessoas não estão a trabalhar no terreno”. “Já não vejo assistentes sociais aqui no bairro há meses”, refere. Rosa Teixeira vai mais longe e diz que um dos principais culpados pela morte da menina foi Rui Rio, presidente da Câmara Municipal do Porto. “Foi ele um dos causadores. Afinal, no Aleixo havia um trabalho social, mas este senhor acabou com tudo”, acusa a presidente da APSPBA.

Alberto Lima, presidente da Junta de Freguesia de Lordelo do Ouro e da Agência de Desenvolvimento Integrado (ADILO) da mesma freguesia, responsável pela assistência social no bairro, refuta essas acusações. “As assistentes fazem o seu trabalho. A mesma pessoa que fez essa acusação há uns tempos atrás dizia precisamente o contrário, que existiam assistentes sociais a mais no bairro”, argumenta o dirigente social-democrata.

Alberto Lima refuta a acusação de que as assistentes sociais não fazem trabalho no terreno. O presidente da ADILO afirma que “os projectos estão a decorrer e [as técnicas] vão ao terreno naquilo que lhes é exigido tecnicamente. Agora, não têm de andar constantemente a chatear as pessoas na sua casa”.

Questionado sobre a forma como vê o trabalho da APSPBA, Alberto Lima responde que “todo o trabalho de apoio social que se justifique é visto com bons olhos”. No entanto, o presidente salienta que “uma das coisas que mais mete impressão é a competição pelo apoio social”. “Estamos a falar de instituições que procuram retirar problemas a outras instituições para resolvê-los”, diz o presidente, sem no entanto referir a que instituições se refere.

O JPN tentou obter reacções por parte da Câmara Municipal do Porto, mas o vareador responsável pelo pelouro do Urbanismo, Mobilidade e Desenvolvimento Social, Paulo Morais, mostrou-se indisponível para prestar declarações.

Milene Câmara
Foto: Pedro Gonzaga Nolasco