O vereador do Ambiente da Câmara Municipal do Porto defendeu, ontem, a criação de um Observatório Regional para avaliação da qualidade ambiental das praias da Área Metropolitana do Porto. Num colóquio organizado pelo Instituto Superior de Ciências Empresariais e do Turismo (ISCET), sobre “A qualidade Ambiental das Praias na Área Metropolitana do Porto”, Rui Sá apresentou a ideia de se criar um observatório que possibilitasse a elaboração de “uma política [ambiental] integrada entre os vários municípios e toda a bacia do Douro”.

Rui Sá considera que esta entidade “supra-municipal” deveria ter “uma estrutura muito leve, que compilasse informações” relativas à qualidade das águas dos vários municípios, “e que, através da compilação dessas informações, procurasse actuar para medir as consequências” de eventuais problemas que pudessem surgir.

As análises seriam feitas por “consultores das faculdades”, através de protocolos com as universidades, e o financiamento deveria ser assegurado com “verbas do Ministério do Ambiente, porque isto é um problema que é ambiental”, afirmou Rui Sá.

“A existência do observatório permitia que os serviços municipalizados fornecessem todos os elementos das análises que fazemos, da quantidade de águas residuais que tratamos, das lamas que produzimos, dos problemas que surgem”, disse Rui Sá. “Quando falo nisto não me refiro só à questão das praias”, declarou. “Há também a questão das perdas de água. Não podemos partilhar experiências no combate às perdas de água? O observatório era, no fundo, uma forma de partilharmos experiências e de, em conjunto, tentarmos encontrar soluções”, afirmou o vereador.

Poluição do Porto prejudica qualidade das praias de Matosinhos

Durante o colóquio organizado no ISCET, o vice-presidente da Câmara Municipal de Matosinhos, Guilherme Pinto, justificou a diminuição da qualidade da água da praia de Matosinhos nas últimas análises com a mudança da direcção dos ventos que, no último ano, terão chegado a Matosinhos predominantemente de Sul, ou seja, no sentido Porto-Matosinhos.

O vereador não compreende como é que uma praia que há dois anos tinha águas que atingiam os 80% de qualidade apresente agora resultados negativos, ainda por cima, quando a Câmara Municipal retirou “95% da poluição que afectava a praia”. Guilherme Pinto considera que “não faz sentido que o resultado seja contrário ao esforço” do Executivo camarário daquele município e apresenta o facto dos ventos de Sul trazerem a poluição do Porto e Vila Nova de Gaia como única justificação. As coisas só poderão inverter-se este ano, afirma, “se houver nortada”.

É devido a este tipo de situações que Rui Sá propôe a criação do observatório regional de qualidade das praias da área metropolitana do Porto. Assim, afirmou, “se [no Porto] se souber que há um problema na ETAR de Sobreira ou que o vento dominante está de Sul e que isto vai dar problemas em Matosinhos, se percebermos que existe uma correlação entre uma coisa e outra, então poderemos actuar atempadamente”. Rui Sá considera que “não tem lógica” as autarquias “andarem a esconder dados” e defende, pelo contrário, que se partilhem experiências e que se ataquem “em conjunto os problemas”.

Anabela Couto
Foto: Arquivo JPN