É o dado mais surpreendente do estudo “Hábitos Toxicofílicos na Universidade do Porto” realizado no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS):
um em cada cinco dos alunos da Universidade do Porto fuma charros.

Hermínia Teixeira, aluna de Medicina do ICBAS que conduziu o estudo em conjunto com mais 6 colegas, revelou ao JPN que “não estavam à espera de ter um nível de consumo de haxixe tão alto”.

O álcool está no topo das preferências dos estudantes do Porto, seguida do tabaco. O haxixe aparece em terceiro lugar. Cerca de 75% dos 23.000 estudantes da Universidade do Porto bebem álcool, 40% fumam tabaco e 22% consomem haxixe.

Falta prevenção

Entre os que se declaram consumidores de haxixe, 20% fazem-no todas as semanas, 14,5% todos os meses e 11% todos os dias. Mas mais de metade (52%) só fuma charros esporadicamente. Hermínia Teixeira avança uma explicação: “há uma banalização tremenda. As pessoas já não vêem o consumo de haxixe e marijuana como algo de nocivo, o que é grave”.

A resposta a este problema pode passar por uma maior aposta na prevenção, segundo a aluna do ICBAS. “O consumo de ecstasy apresentou valores baixíssimos – menos de 1%. Penso que isso se deveu a uma mediatização muito grande sobre os perigos do consumo desta droga”.

Álcool no topo, heroína no fundo da tabela

Surpreendentemente, não existe nenhum consumidor de heroína. Os dados do estudo apresentado sexta-feira demonstraram que as drogas pesadas não fazem parte dos hábitos de consumo de estupefacientes dos alunos da UP. No universo de 1164 inquiridos, correspondente a 5% do número total de estudantes do Porto, só cinco alunos afirmaram já ter experimentado heroína, mas nenhum deles consome actualmente esta droga dura.

Os níveis de consumo de álcool não foram surpreendentes, mas não deixam de ser preocupantes. Cerca de 75% dos alunos bebem e aproximadamente um terço (35%) fazem-no todas as semanas. O álcool é a substância mais consumida pelos alunos da UP.

As conclusões do trabalho apontam como “estranho” o facto de a percentagem de alunos que bebem álcool todos os dias (3%) ser menor da que aqueles que fumam charros diariamente (11%). “Este facto pode estar relacionado com uma certa ligação entre fumar tabaco e marijuana. No dia a dia, critérios como stress e busca de maior prazer poderão influenciar a opção de fumar marijuana em algumas ocasiões ou alturas do dia, tal como um cigarro normal”, avança o estudo.

Quatro em cada dez fumam tabaco

Os níveis de consumo de tabaco na UP são mais do dobro do que os níveis médios da população portuguesa. O vício do tabaco atinge 17% dos portugueses, mas na academia do Porto a percentagem de fumadores é de 40%. E destes, 66% fumam cigarros todos os dias.

Miguel Conde Coutinho
Foto: IDT