Teresa Mendes da empresa de Publicidade 25 Rãs, Rodrigo Viana de Freitas da Central de Informação e David Pontes do Jornal de Notícias. Três percursos em três áreas diferentes, mas todas elas possíveis rumos de um aluno de LJCC.

Qual a sua opinião sobre a estrutura do curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação, apoiado numa forte vertente prática, numa junção entre quatro faculdades: FLUP, FEUP, FEP e FBAUP?

Teresa Mendes (TM): Acho fundamental esta aposta na prática. Quando me formei senti falta desta componente.

Rodrigo Viana de Freitas (RVF): Acho que é positivo haver uma componente prática. Eu tirei o meu curso na Escola Superior de Jornalismo e sinto que a faculdade não foi determinante para o percurso que segui. Em termos de contributos acho que a experiância é determinante, quanto mais prático for o curso melhor.

David Pontes (DP): Acho que é um curso ainda em formação, mas não foi explorado até o que deveria ser, porventura. Eu vim defender que deveria haver especialização em determinadas áreas, por exemplo política ou direito. Caso isso acontecesse, iria marcar a diferença entre o estagiário com esse tipo de formação e o jornalista indiferenciado. Valeria a pena terem especializações em ciência, política, cultura, economia…

Que opinião tem sobre o trabalho realizado pelos estagiários da LJCC que estão na sua empresa?

TM: Por norma, só chamamos estagiários quando há algum papel a desenvolver dentro da empresa. Falei com a estagiária de assessoria que está agora connosco há duas semanas e estava a desenvolver trabalhos na área de “copy”, a desenvolver um “spot” publicitário para a Vobis. Está a correr bem, está a acompanhar bem aquilo.

RVF: Temos uma estagiária na nossa empresa e ficámos surpreendidos, tanto pela capacidade de trabalho como por um conjunto de conhecimentos base fundamentais para fazer bons profissionais. Essas bases fazem com que ela perceba como se rege um órgão de comunicação social, como é que se dividem, as questões éticas. Estamos satisfeitos com os resultados. Acho que a formação em assessoria é importante e que a experiência em jornalismo é fundamental. O ideal seria ter a especialização em assessoria e fazer o estágio num meio de comunicação social. A verdade é que a experiência na comunicação social é importante para perceber alguns conceitos e perceber os ritmos. Um meio de comunicação social tem um ritmo diferente de uma agência.

DP: Acabam todos por fazer a mesma coisa, têm a percepção que devem fazer exactamente o que lhes mandam. Mas, às vezes, aquele que propõe, que questiona acaba por marcar a diferença. Se ninguém marcar a diferença são só rostos que vão e vêm.

Qual a importância da especialização em Assessoria da Comunicação? Quais os seus contributos para a profissão?

TM: Um dos contribuitos que espero que dê é que os empresários cá do norte perceberem o que isto é, como funciona e porque existe. Porque enquanto publicitária vê-se que o cliente não percebe a diferença entre publicidade e assessoria da comunicação.

RVF: Dá um contributo para a profissionalização desta área. É importante que se perceba que esta área não é um recurso para quem não tem sucesso no jornalismo. Acho que a assessoria é um caminho e havendo uma especialização profissionaliza toda a área.

É necessário ter uma formação específica na área ou serão também importantes contributos de outras áreas?

TM: Concordo com a necessidade de especialização na área da assessoria. É uma formação muita específica que faz todo o sentido existir.

RVF: Penso que o determinante é a experiência profissional. Qualquer que seja a vocação, se houver uma boa experiência de base podem ser grandes profissionais. Mas claro que, preferencialmente, deve haver formação. Com a formação adequada consegue-se lidar com os conceitos de uma forma mais eficaz.

DP: Acho que não é obrigatório vir de um curso de jornalismo. O jornalismo fica a ganhar com contributos de outras áreas. Se eu tiver alguém licenciado em Direito que queira ser jornalista, é uma mais-valia. Eu acho que o pior cenário era fazer como os brasileiros em que só pode ser jornalista quem tem curso de jornalismo.

Muitos estagiários são usados apenas durante o tempo de estágio. Há uma verdadeira dança de estagiários, saem uns, entram outros, não se oferecem garantias de trabalho. O que pensa desta situação?

TM: O mercado está mau e hoje em dia raramente se absorvem as pessoas. No início da empresa, todos os estagiários eram absorvidos. Hoje em dia, já não podemos fazer isso por causa da má situação do mercado. Claro que se a própria estagiária conseguir tornar-se indispensável a empresa pensa duas vezes. Mas se ao longo do estágio não marcar a diferença não a vamos contratar.

RVF: Nós só aceitamos estagiários quando há a possibilidade de ficarem. Não garantimos que fique porque depende da prestação que ele tiver. Para as empresas é confortável haver estágios porque é uma fase experimental e se a pessoa ficar, começa já com uma experiência dentro da empresa.

DP: Nós não temos nenhum contrato que garanta emprego às pessoas. O estágio é uma forma deles próprios experimentarem para verem se é daquilo que gostam, é um teste, é uma espécie de montra. Se se vir que aquele estagiário tem qualquer coisa que o distingue dos outros poderá um dia vir a entrar no jornal. Eu acho que os estagiários são essenciais, até para o jornal se sentir vivo, para aprendermos coisas com eles.

Mariana Teixeira Santos
Foto: Joana Beleza