“Neste momento não há ambição” por parte das empresas portuguesas, diz o professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e responsável pelo departamento de Engenharia Electrónica e de Computadores, Pimenta Alves.

Numa intervenção não programada durante o debate relativo ao tema “Ensino e Investigação na Comunicação Multimédia em Portugal”, o professor criticava a falta de ambição e de visão das empresas portuguesas de multimédia e de telecomunicações. “As empresas só copiam quando as coisas já têm sucesso lá fora”, afirmou Pimenta Alves, referindo-se à cultura empresarial lusa que se recusa a investir na investigação e no desenvolvimento de novas tecnologias. As tecnologias adoptadas são importadas do estrangeiro por serem mais baratas e por darem mais garantias de sucesso imediato.

O debate contou com a presença de Eurico Carrapatoso, da FEUP, Óscar Mealha da Universidade de Aveiro, Joana Fernandes, designer gráfica da mm+a e de Alexandre Carvalho, docente do curso.

“Mercado está muito receptivo ao multimédia”

Joana Fernandes, do “site” mm+a, queixa-se que as empresas não tiram partido das reais possibilidades que os profissionais especializados na área de multimédia podem oferecer. O professor da Universidade de Aveiro, Óscar Mealha, partilha desta opinião afirmando mesmo que muitos empresários “só querem um ‘site’ bonitinho para não fazerem má figura durante as feiras”.

No entanto, Joana Fernandes reconhece que as empresas portuguesas se vão interessando cada vez mais e adoptando tecnologias multimédia, de forma a rentabilizarem o contributo que o multimédia pode oferecer na atracção de novos públicos e investidores. Apesar de tudo, “o mercado está muito receptivo ao multimédia”, diz a designer.

Problema da empregabilidade

Alguns alunos do curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação inseridos na vertente Comunicação Multimédia sentem-se angustiados relativamente ao problema da empregabilidade. Os estudantes afirmam sentir-se inferiores ao nível dos conhecimentos em design gráfico e em programação, quando comparados, por exemplo, com os seus colegas de Engenharia e de Belas-Artes. Alguns afirmam mesmo que será necessária formação alternativa nestas áreas depois de terminarem o curso, de forma a competirem em iguais circunstâncias no mercado de trabalho.

Texto e foto: Daniel Brandão