Os trabalhadores da STCP estão hoje, terça-feira, em greve, por um período de 24 horas. Os sindicatos que convocaram a paralisação, falam numa taxa de adesão na ordem dos 85%. Este número não tem em conta os quadros administrativos e intermédios da empresa, nem os trabalhadores em folga.

A administração da STCP aponta números de afluência à greve bastante diferentes dos apresentados pelos agentes sindicais. De manhã a taxa de adesão apresentada pela STCP era de 23%, enquanto que às 15h00 apontava para os 17%.

Segundo a empresa, a rede de transportes esteve a funcionar esta manhã a 29%, sendo que dos 466 transportes públicos da STCP, apenas 90 estavam em serviço. Ao início da tarde a rede funcionava a 31%, saindo apenas para a rua 72 autocarros dos 329 explorados pela STCP.

De 1830 funcionários, a transportadora fala em 377 motoristas (em 1200) e outros 45 trabalhadores em greve, na parte da manhã. À tarde, 257 condutores e outros 48 funcionários da STCP pouparam-se ao serviço, segundo a mesma fonte.

Para minimizar os efeitos da greve, a STCP estabeleceu acordos com a CP e Metro do Porto, no sentido de possibilitar o uso gratuito destes pelos portadores de passe da empresa de autocarros. Contratou ainda oito autocarros a operadores privados da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários de Pesados de Passageiros para circularem normalmente.

As reivindicações em jogo

A paralisação foi convocada por três dos seis sindicatos ligados aos transportes: o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN), pelo Sindicato Nacional dos Motoristas (SNM) e o Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes (SITRA).

Os sindicatos reivindicam a actualização dos salários em 2,5% e o respeito do actual Acordo de Empresa até que seja negociada a sua revisão. “Na realidade, nós não estamos a reivindicar nada, apenas estamos a pedir é que cumpram com aquilo que assinaram num passado recente”, afirmou Manuel Alves, dirigente da STRUN, em conferência de imprensa.

Segundo os sindicatos, a STCP quer “alterar todo o clausulado do Acordo de Empresa, substituindo-o por um outro e ‘despindo’ os trabalhadores dos direitos que conquistaram ao longo dos anos, nomeadamente monetários”. Os sindicalistas queixam-se que os funcionários têm sido chantageados pela STCP para aceitarem por escrito um novo Acordo de Empresa. Caso contrário a empresa “deixa de proceder ao pagamento de importâncias monetárias a que aqueles têm direito”.

Os três sindicatos acusaram ainda a STCP de fazer interpretações distorcidas do Código de Trabalho, de levantar processos disciplinares e punir os trabalhadores por situações muitas vezes menores e infundadas. “Qualquer trabalhador que não tenha faltado ao serviço há cinco, seis, dez anos, e que falte entretanto, é imediatamente alvo de um processo disciplinar, mesmo que essa falta tenha sido dada em prestações” de horas, até formar o equivalente a um dia de trabalho, revela Jorge Costa da SNM.

Só em 2005, segundo o dirigente sindical, a empresa “já levantou 40 processos disciplinares aos trabalhadores e puniu-os”.

A STCP não faz qualquer comentário às acusações dos sindicatos.

Milene Marques
Foto: OMS