A estátua de Almeida Garrett, na Praça General Humberto Delgado, em frente à Câmara Municipal do Porto, foi hoje, quarta-feira, coberta “artística e simbolicamente” por um pano negro. Foi desta forma que o Teatro Art’Imagem protestou contra o que considera ser um “clima de calamidade cultural” na cidade do Porto.

Para que o “reformador do teatro português e o homem de fino gosto que era Garrett não fique mais uma vez envergonhado com a cidade que o viu nascer, o Teatro Art’Imagem, exercendo o seu direito à cidadania e à indignação” tapou a estátuta para “precaver o vate de ver mais uma vez a sua cidade vergonhosamente tratada pelo poder central”, afirmou o director José Leitão.

A companhia é uma das várias que se encontram em complicada situação financeira depois do congelamento dos subsídios estatais. “Estamos a trabalhar com dinheiro emprestado. Não pagamos a renda há três meses. Despedimos três pessoas nos últimos três meses. Há salários em atraso”, diz José Leitão.

Para José Leitão o problema é político e a ministra da Cultura é a “responsável máxima da situação”. O director do Art’Imagem ironizou: “[Isabel Pires de Lima] nunca vem ao Porto como ministra da Cultura. Vem sempre como amante de um autor”.

Entre as possíveis soluções para a situação do teatro no Porto, Leitão sugeriu a abertura de uma linha de crédito isenta de juros.

O Art’Imagem não pensa suspender a actividde, mas adianta que há produções programadas ameaçadas e uma digressão ao Brasil em risco de ser cancelada.

Apesar de saudar o apoio do vereador da Cultura da autarquia portuense à luta das companhias, José Leitão apontou críticas a Rui Rio, que se tem mantido em silêncio relativamente à situação financeira grave das companhias portuenses.

Presentes na Praça General Humberto Delgado, estiveram o vereador da Cultura da Câmara da Maia, António Reis da Seiva Trupe, Mário Moutinho do FITEI e José Carretas da Panmixia.

Texto e fotos: Pedro Rios