Numa despedida em que o clima de tristeza não impediu a serenidade, cerca de três centenas de portuenses e algumas figuras públicas prestaram uma última homenagem ao poeta de “As Mãos e os Frutos”.

A Cooperativa Árvore foi pequena para acolher as pessoas que ali se deslocaram na despedida a Eugénio de Andrade, falecido às 3h30 do dia 13. Alguns poetas, como Ana Luísa Amaral e Manuel António Pina, recitaram poemas de Eugénio em jeito de homenagem. A ministra da Cultura, Isabel Pires de Lima, e o assessor do Presidente da República estiveram também presentes na galeria portuense.

O cortejo fúnebre partiu da Cooperativa Árvore às 16h30 da tarde. Pelas ruas do Porto, cerca de 300 pessoas partilharam a última viagem de Eugénio de Andrade até ao cemitério do Prado do Repouso. Durante o percurso o cortejo parou no número 111 da Rua Duque de Palmela, casa que o poeta habitou até 1993, ano em que se mudou para a Fundação com o seu nome.

“Eugénio não se fechou sobre si mesmo”

Na igreja, Arnaldo Saraiva, presidente da Fundação Eugénio de Andrade, fez o discurso de despedida, lembrando Eugénio como “um poeta que nunca se fechou sobre si mesmo. Mesmo agora, no fim da vida, ele gostava de ler jovens autores, quando reconhecia que havia talento neles”.

Saraiva sublinhou ainda a dimensão humilde do poeta, que não se comportava como se já conhecesse “os segredos todos da poesia. Ele nunca deixou de ter vontade de aprender, e sabia que podia aprender com todas as pessoas”.

O presidente da Fundação aproveitou ainda a ocasião para incentivar o público a ler poesia, e a própria poesia a tornar-se acessível aos leitores.

Corpo deverá ser transladado

O presidente da Câmara do Porto realçou “o grande orgulho da cidade em ter um poeta como Eugénio”, que viveu no Porto desde 1950. Rui Rio garantiu que a obra de Eugénio não será deixada ao esquecimento e expressou o desejo de “transferir, mais tarde, o corpo do jazigo municipal para uma outra sepultura melhor”.

O dirigente do Bloco de Esquerda Francisco Louçã, Rosa Mota, o ex-presidente da autarquia portuense Nuno Cardoso e o jornalista e historiador Germano Silva foram algumas das personalidades dos vários quadrantes da vida nacional que marcaram presença na cerimónia de despedida ao poeta Eugénio de Andrade.

Andreia C. Faria
Foto: Instituto Camões