Correia de Campos esteve hoje, sexta-feira, presente no Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) para homenagear, em nome do Governo, a “figura única e inédita que foi Corino de Andrade. É uma homenagem e um agradecimento de Portugal a uma figura com esta dimensão”, afirmou aos jornalistas o ministro da Saúde.

No ICBAS, estiveram presentes durante a tarde algumas pessoas para velar o médico que ontem faleceu. Entre as individualidades mais conhecidas, destacava-se Nuno Grande, que com Andrade, foi um dos membros fundadores da escola médica. O instituto, à semelhança de todas as faculdades da Universidade do Porto e o hospital de Santo António, tem a bandeira a meia haste em sinónimo de luto.

O ministro referiu-se a Corino de Andrade como “um dos maiores cientistas portugueses do século que passou. Conseguiu fazer o reconhecimento epidemiológico de uma doença rara [paramiloidose ou “doença dos pezinhos”], numa época em que tal era complexo dado os meios de que dispunha”.

Abriu novas vias de investigação

O representante do Governo acredita que o professor “abriu novas vias de investigação” para outros cientistas. “Hoje já se pode fazer diagnóstico precoce e transplante do fígado, um dos órgãos atingidos por esta doença genética”, refere.

A paramiloidose é uma “doença universal, mas é uma doença de marca portuguesa – o nome da ‘doença de Andrade’ marcou a descoberta”, considera o responsável pela pasta da Saúde, sublinhando ainda a grande capacidade e desempenho científico e inédito do professor.

“Ele não se preocupou apenas com os aspectos científicos da identificação da doença, preocupou-se também com os aspectos de levantamento da doença e sobretudo com a criação de um grupo de jovens. Muitos deles são agora professores neste instituto [ICBAS] e representam alguns dos bons cientistas portugueses nessa área”, frisa Correia de Campos.

Luto de cinco dias

A secção regional do Norte da Ordem dos Médicos decretou hoje cinco dias de luto pela morte de Corino de Andrade.

Também a Direcção da Organização Regional do Porto do PCP emitiu um comunicado em que manifesta “pesar perante o falecimento do prestigiado médico, investigador e cidadão interveniente”. O PCP destaca o papel de Corino de Andrade “resistência ao fascismo, ao lado se intelectuais como Abel Salazar, Ruy Luís Gomes, Virgínia Moura, Lobão Vital e Armando Castro, entre outros”.

O corpo do cientista vai ficar em câmara ardente no ICBAS até às 00h00 de hoje e sai amanhã, pelas 11h30, do mesmo instituto para o Cemitério do Prado do Repouso, local onde se vai realizar o funeral de Corino de Andrade.

Texto e fotos: Pedro Sales Dias