Uma nova estratégia publicitária, uma calendarização menos concentrada no período do festival e mostras de cinematografias húngara, espanhola, australiana, sul-coreana e neozelandesa. São algumas das novidades do Fantaporto 2006, de 20 de Fevereiro a 5 de Março, apresentadas hoje, terça-feira, em conferência de imprensa.

“Vamos tentar fazer aquilo que não fizemos em 2005 porque não tivemos capacidade financeira”, afirmou Mário Dorminsky. “Quisemos avançar com o projecto que queríamos fazer no ano passado”. Para 2006, o festival tem um orçamento global de 4,5 milhões de euros, com cerca de metade do dinheiro destinado à divulgação. Para poder “respirar um bocadinho durante o ano”, a Cinema Novo, organizadora do festival, apostou nos contratos trianuais com o ICCAM, uma empresa de cervejas e Câmara do Porto.

“Os últimos dois Fantasporto, parecendo normais, não foram tão normais quanto isso”, afirmou.

A maior folga financeira deriva também do novo conceito de patrocínio, baseado na “troca de serviços”, semelhante ao que se praticou no Rock In Rio. “O ‘Fantas’ vai vender publicidade anexada a todo um bloco de imagem”, explicou. Estes “pacotes de imagem” incluem “jornais, televisões e rádios” e a “única obrigação do patrocinador é colocar no final de cada ‘spot’ que é patrocinador do Fantasporto”.

A organização quer inaugurar o Espaço Fantas, no actual Cinema Jardim, na Rua da Constituição, até Outubro, apesar de admitir algum “lirismo” nesse prazo. O espaço deverá incluir uma galeria, uma videoteca, uma loja de produtos culturais e um bar, e serviria de sede a um projecto com três anos, a Fundação Fantasporto.

Cinema de todo o mundo

Antes do período oficial do concurso há mostras de cinema australiano (primeira quinzena de Novembro), espanhol (segunda quinzena de Novembro), sul-coreano (final de Janeiro) e neozelandês (primeiro quinzena de Fevereiro). De assinalar também o ciclo “Horror Film Festival”, um género muito associado ao nascimento do festival.

A Biblioteca Almeida Garrett estreia-se nestas andanças, ao acolher a Grande Festa do Cinema de Bombaim – Bollywoodque, com filmes (em conjunto com o Rivoli) e outros elementos da cultura indiana. Já no ano passado, o Fantasporto mostrou filmes indianos. O objectivo de “estudar públicos” foi cumprido, revelou Dorminsky, e, como “o cinema indiano passou a interessar” aos portugueses, a aposta vai ser repetida.

Outra novidade é a secção “Love Connections”, dedicada a “amores estranhos”. Segundo Dorminsky, “cada vez mais as relações no cinema não são normais, não são tipificadas. Há aí um lado muito interessante”.

O director do “Fantas” anunciou também uma secção “Orient Express” mais alargada, com filmes do Bangladesh, Tailândia e Japão, e uma retrospectiva do cinema erótico japonês. Há ainda a destacar uma mostra dedicada ao cinema expressionista alemão e outra ao cinema húngaro do século XXI.

Dorminsky anunciou também a criação de um portal na Internet que reunirá cinco “sites” e permitirá a compra de bilhetes “online” e duas festas multimédia na Praça D. João I, junto ao Teatro Rivoli.

Este ano, o Fantas Sound, com concertos de 15 em 15 dias, também não se vai realizar no período do festival para evitar uma programação muito densa. Mário Dorminsky não revela ainda quaisquer nomes. Conhecem-se já, contudo, as bandas que actuam na primeira actividade pré-“Fantas”: os portugueses Moonspell e os italianos Deamonia tocam na Festa de Halloween, no dia 1 de Novembro.

Texto e fotos: Pedro Rios