“O presidente da Câmara de Lisboa deu hoje [terça-feira] ordem de suspensão da demolição da casa onde viveu Almeida Garrett”, anunciou o gabinete de Pedro Santana Lopes em comunicado enviado à agência Lusa.

Após deslocar-se aos números 66 e 68 da Rua Saraiva de Carvalho, e depois de reunir-se com a vereadora do Urbanismo, Eduarda Napoleão, e com a vereadora da Cultura, Maria Manuel Pinto Barbosa, Santana Lopes decidiu suspender a demolição do edifício, iniciada há uma semana.

Manuel Pinho, actual ministro da Economia, é o proprietário do edifício, e fora-lhe concedida autorização camarária para demolir o edifício e construir um apartamento T3, dois T4 e um duplex.

No mesmo comunicado, Santana Lopes declara que “a Câmara Municipal de Lisboa defendeu como solução que fosse o próprio Ministério da Cultura a adquirir a casa, até porque, como é público, o proprietário do imóvel é um ministro do mesmo Governo”.

A suspensão da demolição do edifício tem, por lei, a duração de seis meses, o que significa que o futuro da casa que Almeida Garrett habitou nos dois últimos anos de vida só será decidido terminado o mandato do actual presidente da Câmara de Lisboa.

A demolição da casa de Campo de Ourique, iniciada há uma semana, tem causado polémica há meses. Um movimento cívico fez circular uma petição a favor da transformação do edifício em casa-museu dedicada a Garrett. O documento recolheu 2.300 assinaturas.

Figuras públicas como Manuel Alegre e Guilherme de Oliveira Martins, o Bloco de Esquerda e organismos como a Sociedade Portuguesa de Autores, o Pen Clube e a Associação Portuguesa de Escritores também se manifestaram contra a demolição do edifício.

Andreia C. Faria
Foto: Arquivo JPN