O Portugal captado pelas objectivas de alguns nomes maiores da fotografia pode ser observado, a partir de hoje, quinta-feira, na Galeria 2 do Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa. A mostra “Espelho meu – Portugal visto por fotógrafos da Magnum” está patente até 28 de Agosto.

No mesmo espaço estão reunidas cerca de 90 obras de 13 fotógrafos da Magnum Photos, uma das mais conceituadas agências de fotografia do mundo.

Duas particularidades: a exposição articula-se em dois tempos, separados por um hiato de 10 anos – o período que decorreu entre os anos 50 e 90 do século XX e o final de 2004, que marcou o início da missão em Portugal de três dos 13 profissionais da Magnum representados na mostra.

Josef Koudelka (checo-francês), Susan Meiselas (norte-americana) e Miguel Rio Branco (brasileiro) – trio que se caracteriza pela diversidade de processos criativos – passearam o olhar por Portugal, procurando resgatar o tempo marcado pela ausência de registos fotográficos da Magnum por território nacional.

Meiselas esteve na Cova da Moura, um bairro da periferia de Lisboa maioritariamente habitado por cabo-verdianos. Desenvolveu um trabalho sobre as comunidades imigrantes. Koudelka optou por apontar a objectiva à paisagem portuguesa. Rio Branco, que viveu parte da infância em Portugal, procurou enquadrar impressões que foi resgatando à sua memória pessoal.

Os três fazem a ponte para o passado do país, imortalizado nas imagens de arquivo da Magnum Photos, agência fotográfica fundada em 1947 por quatro fotógrafos – Henri Cartier Bresson, Robert Capa, George Rodger e David “Chim” Seymour -, todos eles nomes incontornáveis da história da fotografia.

Registos de Portugal, 1950 – 1995

O Portugal dos anos 50, captado pela objectiva da famosíssima Leica de Henri Cartier-Bresson (1908-2004), referência maior da fotografia mundial, está representado em apenas sete imagens das 100 que o fotógrafo captou em Portugal. Há ainda fotografias de nomes como Christian Caujolle, Thomas Hoepker ou Guy Le Querrec, que, entre outros, registaram também o Portugal das décadas seguintes.

Portugal no arquivo da Magnum

Ano: 2001. Ponto de partida: uma pesquisa nos arquivos da Magnum, a título pessoal, levada a cabo por Alexandra Pinho, uma das comissárias da exposição. Resultado: um achado precioso de mais de mil imagens de Portugal – a maioria das quais nunca terá sido publicada -, no meio de um acervo de cerca de um milhão de documentos, armazenados desde a fundação da agência.

A iniciativa “Espelho meu” nasce quatro anos após a descoberta de Alexandra Pinho, fruto de um acordo de co-produção entre o CCB e a Magnum, com o apoio mecenático exclusivo do Banco Espírito Santo (que contribuiu com cerca de 170 mil euros).

Ana Correia Costa
Foto: Susan Meiselas