O Governo anunciou hoje, segunda-feira, o lançamento de um concurso internacional para atribuição de 1700 megawatts de energia eólica. Com um investimento até 900 milhões de euros, o principal objectivo desta medida é elevar para 44% a produção de electricidade a partir de fontes renováveis, até 2013.

O concurso vai ter duas fases e vai permitir criar um “cluster” industrial e gerar 1.600 postos de trabalho, afirmou o secretário de Estado-adjunto da Indústria e da Inovação, Castro Guerra. Até ao momento, dois consórcios, um em Viana do Castelo e outro em Aveiro, apresentaram intenções de investimento.

Numa primeira fase, até final do mês, vão ser lançados dois lotes, um de mil megawatts e um de 500 para criar um “cluster” industrial. Numa segunda etapa, que decorrerá até final do ano, será atribuída mais uma potência de 200 megawatts a pequenos promotores, de forma a garantir a equidade regional.

O Governo prevê que, até 2010, haja um investimento de 3,8 mil milhões de euros na instalação dos 1.700 megawatts mais os 2.700 já licenciados, mas ainda não intalados.

Segundo as previsões do Governo, o concurso agora lançado vai permitir que em 2013 se fabrique 44% da electricidade através de fontes limpas.

Quioto em risco

Eugénio Sequeira da Liga para a Protecção da Natureza apoia a iniciativa, mas alerta para a necessidade de estudos de impacto ambiental antes de se proceder à instalação das unidades de produção de energia eólica.

As zonas mais ricas em fontes de energia renovável são áreas protegidas, inseridas na Rede Natura. Por isso, explica Eugénio Sequeira, é fundamental que se conheçam a fundo os critérios de instalação dos clusters, sob risco de se prejudicar o meio ambiente.

Eugénio Sequeira, que também é especialista dos solos e da água, critica o marasmo das entidades governamentais nos últimos anos na produção de energias renováveis. “Ainda não vi nada feito”, afirma ao JPN.

Para o ambientalista, Portugal tem melhores condições climatéricas do que a Alemanha para o desenvolvimento de unidades de energia fotovoltaica (energia solar). “Ainda assim, o que nós produzimos em 10 anos, a Alemanha produz num ano”, afirma.

Sequeira critica ainda os atrasos no licenciamento dos projectos, que podem levar ao desrespeito do compromisso que Portugal assumiu na Cimeira de Quioto: ter, em 2010, 39% da produção eléctrica a partir de energias renováveis.

Salomé Pinto da Silva
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