A Câmara do Porto (CMP) vai lançar em Setembro um concurso internacional para a reabilitação do mercado do Bolhão. O concurso vai exigir a integração naquele espaço da vertente de comércio tradicional com novos espaços que podem ir desde um hotel a habitações ou galerias de arte, em função do interesse de investidores privados.

Como os moldes do projecto só devem ser conhecidos em Janeiro do próximo ano, Rui Rio não pode garantir que todos os comerciantes mantenham os seus espaços. O início das obras está previsto para o segundo semestre de 2006, anunciou hoje, terça-feira, o autarca, em conferência de imprensa.

Rui Rio afirmou que até às obras do novo projecto “não há solução intermédia”, ideia contrária à do candidato socialista à autarquia, Francisco Assis, manifestada esta manhã, no mercado do Bolhão. “Não há desperdício de dinheiros públicos”, justificou, peremptoriamente, o autarca.

Evacuação à vista

Os lojistas do piso de cima da ala sul têm até 27 de Julho para mudar de local de comércio. Os do piso de baixo devem sair até 3 de Agosto. A ordem de evacuação vem na sequência das conclusões de um estudo do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC). A análise do LNEC reforça as conclusões de um outro relatório da empresa DVHTecnopor, encomendado pela Porto Vivo, que dizia, em Junho, que o edifício tem deficiências estruturais graves e corria o risco de ruir na ala sul, junto às ruas Formosa e de Alexandre Braga.

A Metro do Porto solicitou ao LNEC o acompanhamento da estrutura, por causa das obras de construção da estação subterrânea do Bolhão. Um relatório de Abril de 2004 recomendava a colacação de escoramento, intervenção que a CMP fez.

Os dois estudos agora divulgados obrigaram Rui Rio a tomar medidas. “Fomos remediando até podermos. A partir do momento em que nos dizem que não há mais remedeio, temos que intervir”, afirmou o autarca, em conferência de imprensa. “Queremos evitar o que aconteceu em Entre-os-Rios”, dramatizou.

Rui Rio preferiria que os mais de 100 comerciantes afectados com a evacuação forçada fossem para o mercado do Bolhão, mas compreende que haja uma razão “emocional” que os faça deslocar para a ala norte do mercado, já que o espaço comercial do Bolhão está apenas ocupado pela metade.

O autarca reagiu às críticas de alguns comerciantes que dizem que a câmara os está a pressionar de um momento para o outro, quando a situação de degradação do mercado tem mais de 20 anos. Para Rio, a decisão de evacuar a ala sul só podia ter sido tomada “de repente” porque só agora um relatório mostrou a inevitabilidade de uma intervenção estrutural.

Rui Rio rejeitou, quando chegou à câmara, um projecto do arquitecto Joaquim Massena que ascendia aos 15 milhões de euros, um valor visto como “insuportável”. A Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU) está agora a “modelar o concurso para dar o destino definitivo ao mercado do Bolhão”, afirmou Rio.

Texto e fotos: Pedro Rios