A “Cânhamo” é uma revista contra a proibição da cannabis. Começou por ser bimestral, mas passou a ser lançada de três em três meses “por causa do mercado e da crise”, explica o director da “Cânhamo”, Ricardo Silva, também produtor de televisão. Faz agora um ano de existência. O número sete da revista sai no fim do mês.

A revista é o resultado de uma parceria com a homónima espanhola, que já existe há oito anos. “Não somos uma redacção clássica”, explica o director. Cerca de 40% do volume de cada edição da versão portuguesa é o resultado da tradução dos conteúdos da revista espanhola. Há também uma “Cânhamo” no Chile.

“Esta é uma revista verde e não cor-de-rosa que defende a abertura das ideias, contra o pensamento que está implantado na sociedade de uma espécie de pseudo-censura destas matérias”, elabora Ricardo Silva.

O director defende que “a cannabis é uma planta que é utilizada desde tempos imemoriais e tem três usos principais”: indústria automóvel – 40% das fibras utilizadas pela marca Mercedes são feitas a partir de cânhamo, a planta da cannabis -, nos têxteis e também na confecção do chocolate e da cerveja. “Há mil e um produtos alimentares feitos com a cannabis”, conclui.

A planta é também utilizada com fins terapêuticos, “mas Portugal tem a cabeça na areia, nesta matéria”, defende Silva. O director da “Cânhamo” não esquece também o uso recreativo “com os seus aspectos positivos e negativos”. “O Estado preocupa-se em fazer a guerra às drogas e pune as pessoas que fumam charros, que não são os criminosos”, defende.

Ricardo Silva adianta que a preocupação da “Cânhamo” é colocar os prós e os contras do consumo. “Cabe-nos colocar os pontos em alguns ‘is’, porque estas são matérias que ninguém quer abordar, por preconceito. Insiste-se na proibição como se isso resolvesse alguma coisa”, afirma.

Esta é uma revista para maiores de 18 anos “por auto-regulação, porque a droga difunde-se cada vez mais nas camadas jovens e há questões que podem levantar muita curiosidade”, ressalva Ricardo Silva.

A “Cânhamo” tem assinantes “dos 18 aos 80” e afirma-se como uma revista “que em nada é ligeira ou panfletária, mas para toda gente”.

Por esta altura, está também a ser lançada uma loja “online” especializada que divulga “publicações variadas com temáticas relacionadas”.

Letícia Amorim
Foto: DR