O Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV) decidiu encerrar o seu gabinete em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza. A medida surge dois dias depois do ataque de segunda-feira à sede da Cruz Vermelha no sul da Faixa de Gaza por activistas palestinanos, a que se seguiu o rapto de três funcionários do Organismo de Obras Públicas e de Socorro aos Refugiados da Palestina no Médio Oriente (UNRWA), instituição das Nações Unidas. Dois transeuntes foram feridos durante o tiroteio.

Foi o mais recente episódio numa escalada de ataques a organizações internacionais por parte de activistas palestinianos. O ataque foi atribuído a apoiantes do secretário-geral da Organização para a Libertação da Palestina, Farouk Kaddoumi, um opositor do líder da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas. As três pessoas raptadas foram resgatadas rapidamente pelas forças de segurança palestinianas, após uma rusga à casa para onde os raptores as tinham levado.

A Cruz Vermelha está em conversações com a Autoridade Palestiniana para que passe a haver uma maior acção por parte das forças de segurança contra os raptores. Até mesmo organizações como o UNRWA admitem reduzir as suas actividades ao mínimo, se as condições de segurança não melhorarem.

Um membro do CICV em Gaza, Juan Coderque, citado na edição de hoje do jornal britânico “The Independent”, afirmou que, apesar das operações estarem suspensas, a Cruz Vermelha não vai deixar de colaborar com o estado judaico em casos de assistência urgente a palestinianos.

A decisão de suspender as operações na Faixa de Gaza afecta, particularmente, o programa de visita de famílias palestinianas às cadeias israelitas, que só no mês de Junho possibilitou a 21 mil palestinianos a oportunidade de visitarem familiares presos em Israel.

Tiago Dias
Foto: Columbiana