A Câmara Municipal do Porto (CMP) e a Universidade Fernando Pessoa (UFP) vão colaborar na caracterização da qualidade do ar na cidade. Daqui a um ano deve ser conhecida a primeira versão da Carta de Qualidade do Ar do concelho do Porto. O protocolo foi assinado segunda-feira, na Direcção Municipal do Ambiente, pelo vereador do Ambiente, Rui Sá e pelo reitor da UFP, Salvato Trigo.

Rui Sá definiu a carta como um “instrumento fundamental para a definição de políticas municipais” em múltiplos campos, como o ambiente, a mobilidade e o urbanismo.

A carta vai permitir saber que “tipo de elementos do ar são mais nocivos” e “determinar os focos mais poluídos” da cidade, acrescentou o vereador comunista, que sublinhou que a qualidade do ar do Porto não suscita motivos para alarme.

“Não creio que hoje se viva uma situação que tenha que levar a políticas restritivas no trânsito”, afirmou. Contudo, é necessário passar do “conhecimento empírico” para uma “base científica”.´

Salvato Trigo defendeu que a cidade portuguesa com mais alunos de ensino superior terá que “potencializar essa enorme vantagem” através de projectos deste tipo. O reitor da UFP sublinhou que o “Porto é hoje uma cidade universitária, mais do que a cidade do trabalho”.

Colaboração gratuita

O protocolo entre a autarquia e a UFP não tem contrapartidas financeiras. A CMP dá acesso à carta digital da cidade, dados de contagem de tráfego, bases de dados meteorológicas e vai prestar todo o apoio logístico para a realização de campanhas de amostragem da qualidade do ar.

A UFP pode assim prosseguir a aposta no Centro de Modelação e Análise de Sistemas Ambientais (CEMAS), que em Junho divulgou um estudo que propõe o impedimento de circulação de automóveis aos fins-de-semana no Porto e o pagamento de portagens entre as 7 e as 21 horas nos dias úteis em todo o anel interior delimitado pela Via de Cintura Interna.

Nelson Barros, do CEMAS, destacou a importância da carta na planificação urbana. “Nunca houve cuidado de planear a construção de escolas, hospitais ou infra-estruturas desportivas tendo em conta a qualidade do ar”, exemplificou.

O especialista em Ciências Aplicadas ao Ambiente ressalvou, contudo, que a falta de planeamento com base neste critério de saúde pública não é exclusiva do Porto e que a futura carta de qualidade do ar é “inovadora” e segue as directivas comunitárias mais recentes.

Pedro Rios
Fotos: Getty Images
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