Que avaliação faz do período pós-Capital Europeia da Cultura?

Rui Rio tinha uma dificuldade: depois de um pico é difícil ficar à mesma altura. Havendo dificuldades financeiras sérias, a câmara devia ter encontrado o seu papel, que deveria ser de intermediário entre os grandes mecenas do apoio à cultura e os grupos de produção cultural. O Porto tem que se afirmar como cidade da cultura. Temos grandes e bons equipamentos culturais, companhias e grupos culturais e eventos culturais, como o Fantasporto e o PoNTI. Era fundamental conseguirmos criar redes de cooperação para uma oferta mais integrada. Infelizmente temos uma sociedade civil que funciona com a lógica das capelas. Infelizmente, o doutor Rui Rio entrou em conflito com o FCP, a universidade e os produtores culturais. Não se pode assumir o papel dinamizador com estes conflitos.

Qual é o peso actual da cidade do Porto nos contextos regional e nacional?

Quem for para a frente da CMP não pode ver o Porto como uma cidade isolada, mas como capital de uma região. A região não é forte se tivermos um poder político completamente descredibilizado. Infelizmente, a nossa região distingue-se por casos como a lota de Matosinhos, Marco de Canaveses, “Apito Dourado”, Fátima Felgueiras… A cidade do Porto não tem capacidade para dialogar com os vizinhos e está de costas voltadas para Gaia.

Pedro Rios
Tiago Dias
Fotos: Joana Beleza